Depressão: Como transformar a dor em sentido de viver?

Terapia Online - Lisiane Hadlich

Lisiane Hadlich

Desde o ano 2000, venho sendo uma força de mudança na vida de inúmeras pessoas. Jornadas marcadas por histórias de transformação e crescimento para adultos, adolescentes, casais e famílias - não importa a complexidade dos seus desafios estou aqui para te ouvir, apoiar e guiar você em sua busca por uma mente feliz e uma vida mais plena.

A depressão crônica é uma sombra que consome lentamente a energia e a vontade de viver. Para quem enfrenta essa luta, encontrar sentido no meio da dor parece quase impossível. Muitas vezes, a tristeza se torna um peso constante, silencioso, que afeta todas as áreas da vida.

Mas e se essa dor pudesse ser um caminho. Bem como um convite para ressignificar a existência e reencontrar a vitalidade? Este artigo propõe uma reflexão sobre como transformar a dor da depressão em um sentido renovado de viver. Também traz luz para a importância de um olhar sensível na terapia, capaz de perceber as complexidades emocionais, como o transtorno borderline e o narcisismo.

Como psicóloga especialista em saúde mental e referência em psicoterapia online, compartilho aqui insights que podem ajudar nesse processo e a importância da psicoterapia.  Além disso, afeta relacionamento familiar, profissional e conjugal. 

Depressão Crônica: Definição, Sintomas e a Busca por Sentido

A depressão crônica, também conhecida como distimia, é um transtorno de humor caracterizado por um estado depressivo persistente que se estende por pelo menos dois anos em adultos e um ano em adolescentes. Diferentemente de episódios depressivos maiores, a distimia apresenta sintomas menos intensos, porém contínuos, que podem interferir significativamente na qualidade de vida e no funcionamento diário do indivíduo.

Os sintomas incluem humor deprimido na maior parte do dia, baixa autoestima, fadiga, alterações no apetite e no sono, dificuldade de concentração e sentimentos de desesperança. Em adolescentes, a irritabilidade pode ser um sinal predominante, além de isolamento social e queda no desempenho escolar.

Sintomas como apatia, alterações de sono, baixa autoestima, sensação de inutilidade ou de não pertencimento podem estar presentes, mesmo quando a vida parece “boa demais para se estar triste”. É comum o paciente ouvir: “Mas você tem tudo, como pode estar assim?” e, internamente, sentir-se ainda mais isolado.

Estudos indicam que a depressão crônica pode ter início na adolescência, especialmente em contextos de vínculos afetivos inseguros ou experiências adversas precoces. Na psicoterapia, especialmente na abordagem junguiana, a depressão crônica é vista não apenas como um desequilíbrio químico, mas também como uma busca da psique por reconexão com o sentido da vida. Às vezes, esse estado anuncia uma crise de identidade, um luto não reconhecido ou o colapso de antigos ideais. 

Transformar a Hipersensibilidade Emocional e Reatividade da Depressão em Consciência

A hipersensibilidade emocional muitas vezes tem raízes nos traumas da infância, quando experiências dolorosas e não elaboradas moldam a forma como o indivíduo reage ao mundo. Nesses casos, a reatividade pode funcionar como um mecanismo de defesa, uma resposta automática para proteger a criança interior de novas feridas emocionais. Contudo, essa mesma defesa pode manifestar-se em formas diversas, como irritabilidade, agressividade ou retraimento, impactando negativamente os relacionamentos conjugais e profissionais.

Mesmo pessoas que alcançam estabilidade aparente em suas vidas podem sentir um vazio inexplicável, uma sensação de que algo essencial está faltando. Esse sentimento está frequentemente ligado a essa criança interna que não foi suficientemente cuidada ou acolhida. A psicoterapia desempenha papel fundamental nesse processo, oferecendo um espaço seguro para o reconhecimento e a cura dessas feridas emocionais, possibilitando o desenvolvimento do autoconhecimento e da gestão emocional.

A depressão crônica convoca o indivíduo a um olhar mais profundo para si mesmo. Por exemplo, o estresse externalizado em comportamentos como noitadas e festas, estratégias que, a curto prazo, podem aliviar a tensão, mas que a médio e longo prazo intensificam o vazio interior e dificultam a construção de uma vida com significado. O cuidado terapêutico é essencial para promover essa integração, permitindo que a pessoa encontre um equilíbrio emocional, sexual e sucesso mais duradouro e autêntico.

Quando a dor vira autodestruição: diferenciação do Borderline

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e a depressão crônica compartilham alguns sintomas que podem levar a confusões clínicas, especialmente no que tange à instabilidade emocional e à vivência intensa de sofrimento. No entanto, é essencial compreender suas especificidades para que o diagnóstico e o tratamento sejam precisos e eficazes. Enquanto a depressão costuma apresentar um humor persistentemente baixo e sentimentos de desesperança, o TPB caracteriza-se por uma oscilação entre emoções extremas, sentimentos de vazio e um medo de abandono.

Outra distinção importante refere-se à impulsos autodestrutivos. No TPB, essa reatividade frequentemente desencadeia comportamentos impulsivos e autodestrutivos. Já na depressão, a reatividade tende a se manifestar mais como retraimento e apatia, ainda que a irritabilidade também possa estar presente. Essa diferenciação é crucial para evitar equívocos que prejudiquem o tratamento psicológico. 

A psicoterapia analítica, especialmente sob a ótica junguiana, oferece um espaço para explorar essas dinâmicas profundas, auxiliando o paciente a compreender  e tratar as origens de seus padrões emocionais e a reconstruir uma narrativa mais integrada de si mesmo. Essa abordagem permite transcender os rótulos e encontrar caminhos para a cura que respeitam a singularidade de cada sofrimento.

Causas Emocionais da Depressão

A depressão crônica frequentemente tem raízes em experiências emocionais não elaboradas, muitas das quais remontam à infância. Eventos como violência, luto precoce, solidão, timidez extrema ou insatisfação com a própria aparência podem deixar marcas profundas. Além disso, ambientes familiares caracterizados por comparações constantes, rejeição, falta de diálogo de qualidade e atenção emocional. Bem como em contextos onde os pais estavam excessivamente focados no trabalho contribuem para a formação de sentimentos de vazio e desamparo.

Mudanças frequentes de cidade durante a infância e adolescência também podem impactar o desenvolvimento emocional, dificultando a formação de vínculos estáveis e a sensação de pertencimento. Essas experiências, se não compreendidas e processadas, podem se manifestar na vida adulta como uma sensação persistente de que algo está faltando, mesmo quando há estabilidade aparente. Nesses casos, recomenda-se a psicoterapia para criança interior. 

Na fase adulta, eventos como luto, envelhecimento, aposentadoria ou mudanças significativas podem reativar essas feridas emocionais, intensificando o sentimento de vazio. A psicoterapia oferece um espaço seguro para explorar essas vivências, permitindo que o indivíduo compreenda e ressignifique sua vida no presente. Ao entender os próprios comportamentos e atitudes, é possível transformar a dor em um caminho de crescimento e encontrar um sentido mais profundo para a vida.

Abordagem da psicologia analítica no tratamento da depressão.

Diferente das abordagens ocidentais tradicionais, a psicologia analítica não enxerga a depressão de causa apenas genética, mas como uma manifestação do sofrimento humano. Nesse sentido, um transtorno que pode ser compreendido, acolhido e transformado. Em vez de focar o tratamento medicamentoso, o olhar da psicanalise volta-se para a mente e seus hábitos: apegos, aversões, pensamentos repetitivos e expectativas não realistas.

Assim, uma das propostas do tratamento é a prática da atenção plena (mindfulness) ou hipnose clinica que permite observar os próprios estados emocionais sem julgamento. Quando uma pessoa deprimida começa a se tornar consciente dos pensamentos automáticos que a puxam para baixo, por exemplo: “não sou suficiente”, “nada vai melhorar”, “não adianta tentar”,  ela ganha, pouco a pouco, um espaço interno para não se identificar com esses conteúdos.

Outro aspecto fundamental é o desenvolvimento da individuação. Nesse proposito, entende-se que o sofrimento faz parte da existência, mas também que é possível cultivar suavidade diante dele. Isso não significa aceitar a dor como destino, mas aprender a viver cada momento conforme acontece a vida, no sentido de reduzir ruminação mental e fortalecer a presença.

O tratamento gradualmente vai mudando padrões mentais e emocionais que alimentam o sofrimento. É um processo profundo de desapego: de expectativas, de identidades rígidas, do controle. Para quem enfrenta a depressão, essa perspectiva pode ser um convite delicado e transformador: olhar para a dor com menos resistência e mais curiosidade. 

O Sentido de Viver: Reflexões a Partir de Uma História de Reconstrução

A depressão, especialmente quando crônica, pode se intensificar diante de eventos como uma separação, fazendo com que sentimentos de fracasso e medo da solidão se tornem avassaladores. Muitos pacientes chegam à terapia convencidos de que jamais encontrarão alívio ou reconstruirão suas vidas afetivas e emocionais.

Maria (nome fictício), uma diretora na casa dos 40 anos, vivenciou sua terceira separação e procurou a terapia sentindo-se perdida e desmotivada. Ao longo do processo, percebeu que seu padrão de “ser a boazinha” e sua baixa autoestima a levavam a querer agradar a todos. Especialmente, parceiros que não a assumiam verdadeiramente. Essa dinâmica contribuía para relacionamentos frágeis, que reforçavam seu sentimento de solidão e fracasso.

Através da psicoterapia para mudar sua vida amorosa, Maria começou a identificar esses padrões e a desenvolver um olhar mais compassivo para si mesma. Esse despertar permitiu que ela reconstruísse sua autoestima e, aos poucos, estabelecesse limites mais saudáveis, abrindo espaço para relações mais autênticas e para um sentido renovado de viver.

Conclusão: Encontrar forca interior e sentidos no desafio da depressão.

A depressão crônica desconecta a pessoa da realidade, trazendo uma tristeza profunda que torna tudo extremamente difícil. Apenas quem já viveu essa experiência entende. E a partir de um psicoterapeuta experiente e habilidoso é possível compreender verdadeiramente suas causas e as estratégias necessárias para evitar o afundamento. Sem o tratamento adequado, a depressão é uma doença grave, com risco para relacionamentos e de vida.

Sendo assim, é fundamental não desistir. A esperança existe e pode ser cultivada a cada passo dado em direção à busca de forca interior, entendimento. Se você está enfrentando essa luta, saiba que o tratamento psicológico especializado é um ato de coragem e o primeiro movimento para reencontrar sentido e vitalidade. Agende uma consulta aqui para iniciar sua jornada de autoconhecimento e permita-se transformar a dor em crescimento.

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