Quando o amor é uma ilusão: psicoterapia e relações autênticas

Terapia Online - Lisiane Hadlich

Lisiane Hadlich

Desde o ano 2000, venho sendo uma força de mudança na vida de inúmeras pessoas. Jornadas marcadas por histórias de transformação e crescimento para adultos, adolescentes, casais e famílias - não importa a complexidade dos seus desafios estou aqui para te ouvir, apoiar e guiar você em sua busca por uma mente feliz e uma vida mais plena.

Você tem se perguntado se o seu relacionamento é verdadeiro ou apenas uma ilusão amorosa? Muitos homens e mulheres vivem vínculos intensos, porém altamente idealizados. Com o tempo, percebem que o amor se mistura à carência e que o relacionamento, em vez de trazer segurança, gera controle e desgaste emocional. Esse é um dos sinais mais comuns de relacionamentos abusivos, marcados por dependência afetiva e falta de autenticidade.

Com quase trinta anos de experiência em psicanálise e psicoterapia online, o trabalho clínico com pacientes no Brasil, Estados Unidos, Suíça e em outros países mostra que o autoconhecimento é o primeiro passo para romper ciclos de sofrimento e criar relações saudáveis e conscientes.

Neste artigo, você vai entender como a psicoterapia ajuda a identificar ilusões afetivas, fortalece a autoestima e previne danos emocionais. Também vai descobrir como esse processo oferece suporte para reflexão dos sentimentos, clareza para decisão de um término amoroso e/ou recomeçar com maturidade emocional.

Ilusão Amorosa: por que acreditamos em amores que não existem

A ilusão amorosa costuma nascer de forma silenciosa, no campo do inconsciente. É quando o desejo de ser amado se mistura à necessidade de reparar antigas faltas afetivas. Desde a infância, muitos aprendem a buscar no outro aquilo que não receberam de forma constante: atenção, validação e segurança emocional. Com o passar do tempo, esse padrão se repete, e o amor idealizado surge como tentativa de preencher o vazio interior. Em vez de um encontro entre duas pessoas inteiras, o vínculo se torna um espelho das carências que ainda pedem cura.

Por esse motivo, pessoas chegam à vida adulta reprimidas. A vergonha, a timidez e o medo de rejeição geram baixa autoestima, o que as leva a se adaptar para serem aceitas. Quando se apaixonam, projetam no outro o que acreditam faltar em si mesmas. Assim, o encantamento inicial parece mágico, mas é apenas o reflexo de uma carência antiga. E quando surgem os conflitos ou os primeiros sinais de abuso, começa a fase mais perigosa da ilusão: acreditar que o amor tudo suporta e que o tempo resolverá o que dói.

A partir daí, a pessoa passa a viver em função do vínculo e se afasta de si mesma. Vai cedendo espaço, alterando rotinas e vontades para manter a relação. Com a facilidade da tecnologia, o celular reforça o controle, transformando a comunicação em vigilância. Aos poucos, o amor perde leveza e se transforma em dependência. A verdadeira dor da ilusão não está na perda do outro, mas no esquecimento de si, quando o amor deixa de ser escolha e passa a ser sobrevivência emocional.

Como a autoestima e autoconhecimento afetam as escolhas amorosas

A forma como alguém se relaciona revela o modo como se enxerga. Pessoas com autoestima fragilizada tendem a buscar fora o que acreditam não existir dentro. Esse movimento é sustentado por crenças formadas muito cedo, quando ainda observávamos como o amor era vivido em casa. O que você aprendeu com seus pais sobre o amor? Que era preciso merecer afeto, suportar silêncio ou ceder para ser aceito? Essas mensagens moldam a forma como cada um ama e se deixa amar.

No consultório, é comum ver adultos tentando reparar, em seus relacionamentos, aquilo que não puderam viver na infância. Quando o amor foi instável, o inconsciente cria uma ideia de amor ligada à dor e à espera. Assim, o vínculo se confunde com sacrifício, e o afeto é medido pela capacidade de suportar. Sem autoconhecimento, a pessoa não percebe que está repetindo o mesmo roteiro emocional que um dia tentou superar.

Ao compreender essas origens, o olhar muda. O autoconhecimento permite questionar velhas verdades e reconstruir a própria forma de amar. Desenvolver autoestima emocional significa aprender a se relacionar sem se perder. Quando o amor deixa de ser uma busca por reparação e passa a ser uma escolha consciente, o vínculo se torna mais livre, maduro e real.

Como ocorre a idealização (cegueira amorosa)

A idealização acontece quando o desejo de que algo dê certo fala mais alto que as atitudes do parceiro. No começo, é natural querer mostrar o melhor de si e acreditar no melhor do outro. O problema surge quando essa esperança impede de enxergar os sinais. A mente começa a preencher lacunas: a distância parece charme, o ciúme é confundido com cuidado. Assim, o encanto cresce em torno de uma imagem que existe apenas na imaginação.

Gradualmente, pequenas incoerências aparecem. Porém, o coração prefere manter a fantasia. A pessoa repete para si mesma: “Ele vai mudar”, “Ela só está passando por uma fase”. A esperança de que o amor transforme tudo se mistura ao medo de perder o vínculo. E é nesse ponto que nasce a cegueira amorosa, quando a vontade de ser correspondido supera o olhar para a realidade.

Vale se perguntar: o que em mim tem medo? Essa reflexão abre espaço para perceber que idealizar é, muitas vezes, uma forma de evitar o medo da solidão. Quando conseguimos ver o outro com suas luzes e sombras, o amor deixa de ser esforço e passa a ser encontro. É nesse reconhecimento que as relações ganham verdade e respiro.

Em resumo, o que em você tem medo é a sua vulnerabilidade humana e a parte que busca segurança e aceitação. As causas mais comuns envolvem medo de falhar, medo de ser rejeitado, traumas do passado e medo de perder o status.

O Papel da Psicoterapia na Reconstrução Afetiva

As ilusões amorosas se repetem porque o inconsciente tende a buscar o que é familiar, mesmo quando isso traz dor. Com frequência, as pessoas recriam nas relações adultas o mesmo tipo de afeto que conheceram na infância. Assim, é comum que um novo vínculo pareça diferente no início, mas logo revele o mesmo enredo emocional. Esse padrão de repetição pode ser transformado com psicoterapia.

De acordo com análises conduzidas por Mary Lee Smith e Gene V. Glass, pessoas que fazem psicoterapia apresentam melhora emocional superior a 75% das que não fazem tratamento. Esses resultados evidenciam o impacto direto da terapia na reorganização dos vínculos afetivos. Ao longo do processo terapêutico, a pessoa passa a reconhecer o que repete, entende por que se atrai por determinados perfis e aprende a unir o que deseja ao que precisa. Dessa forma, as escolhas passam a refletir consciência e maturidade emocional.

A psicoterapia oferece um espaço de pausa e clareza. É ali que os padrões podem finalmente ser vistos, compreendidos e substituídos por formas mais saudáveis de se relacionar. Quando o indivíduo identifica o que o faz permanecer em vínculos que o ferem ou se entregar rápido demais, ele recupera sua liberdade emocional. Tratar psicologicamente interrompe o ciclo das ilusões para construir um relacionamento saudável.

Psicoterapia para Clareza: distinguir o Amor da Ilusão

Quando há sentimentos envolvidos, é difícil perceber o que realmente está acontecendo. A pessoa acredita que vive um grande amor, mas começa a sentir insegurança, medo e exaustão. Os gestos que antes pareciam cuidado agora soam como controle. Ainda assim, é comum insistir, tentando resgatar o início idealizado. Nesse ponto, surge a dúvida: é amor ou dependência emocional disfarçada?

A psicoterapia oferece um espaço seguro para olhar detalhes que pesam e geram conflitos. Ao falar sobre o relacionamento com alguém externo, torna-se possível enxergar padrões antes invisíveis. Com o tempo, a pessoa reconhece quando está cedendo além do saudável, compreende como o medo da solidão influencia suas escolhas e aprende a diferenciar afeto de ilusão.

Ter clareza emocional não significa desistir do amor, mas enxergá-lo com maturidade. A terapia ajuda a silenciar o ruído da carência e ouvir o que sustenta a relação. Quando há consciência, o amor deixa de ser promessa de salvação e se torna um vínculo possível — aquele que respeita, acolhe e preserva a liberdade de ser quem se é.

Conclusão: Clareza também é um ato de amor.

Os detalhes que você tem notado — um comentário, uma inquietação, uma atitude aparentemente pequena — podem ser sinais de que algo pede clareza.

Permita-se buscar clareza emocional antes que o vínculo se torne relacionamento abusivo. A psicoterapia online ajuda a entender o que está acontecendo, fortalece sua percepção e evita um término traumático ou uma continuidade que já não faz bem. Às vezes, enxergar é o primeiro gesto de amor próprio.

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