Alcoolismo: suas marcas emocionais

Terapia Online - Lisiane Hadlich

Lisiane Hadlich

Desde o ano 2000, venho sendo uma força de mudança na vida de inúmeras pessoas. Jornadas marcadas por histórias de transformação e crescimento para adultos, adolescentes, casais e famílias - não importa a complexidade dos seus desafios estou aqui para te ouvir, apoiar e guiar você em sua busca por uma mente feliz e uma vida mais plena.

Alcoolismo: suas marcas emocionais. Este tema de hoje é sobre feridas e traumas emocionais que envolvem o vício no álcool. Tanto álcool como cigarro estão presentes na cultura ocidental, tido como substancias normais, atrelados a socialização e diversão.

No entanto, o alcoolismo é uma doença grave, que causa vários constrangimentos, transtornos aos familiares ou amigos, acidentes com ou sem mortes, surtos emocionais. Pode desencadear episódios de violência, agressividade, depressão, “apagão” e não lembrar do que fez.

Simultaneamente, causa um caos na dinâmica familiar: brigas, medo, pânico, ansiedade, perdas financeiras, violência psicológica, violência física. Desse modo, muitos familiares de pessoas alcoólatras sao traumatizados.

Quantas discussões e violências ocorrem por efeito do álcool? Quantos acidentes e tragedias poderiam ser evitados? Como conviver com um familiar, amigo ou cônjuge alcoólico? 

Como resultado, alguns cortaram contato com o doente, outros não frequentam bares para não terem lembranças negativas. Os resquícios do trauma fica para sempre na memoria. Muitos relacionamentos sao prejudicados, perde-se o respeito, a admiração pela pessoa.

E nem todo alcoólatra gosta de beber, alguns usam a bebida como “calmante” ou “forma perder a vergonha/timidez”. O que é um prazer apenas momentâneo, no outro dia vem o arrependimento, sentimento de culpa e instala-se vergonha e depressão pelos constrangimentos.

Inicialmente, vamos aos sintomas que caracterizam a doença:

Alcoolismo: suas marcas emocionais: Sintomas: (Cid 14).

  • Incapacidade para controlar o uso
  • Hábitos que envolvem beber (bar após o trabalho, comprar vinhos no mercado, prazer em bebidas, para dormir, para relaxar)
  • Persistência do uso apesar das consequências nocivas ou negativas.
  • Tolerância aos efeitos (bebem cada vez mais)
  • Sintomas de abstinência após a interrupção ou a redução do consumo.
  • Uso de outras substancias semelhantes para “relaxar”.
  • Negação de que o habito prejudica.

Alcoolismo: suas marcas emocionais: Vivendo a negação e o medo de recaídas.

A grande causa do excesso de sofrimento que as pessoas vivenciam esta relacionada a negação de hábitos prejudiciais e falta da meta de evoluir como pessoa nesta existência. 

O primeiro estagio do alcoolismo consiste na negação da doença. O alcoolista sabe manipular para receber atenção e o faz sempre de forma negativa. Para piorar, atraem relacionamentos de dependência emocional.

Por isso, se aborda em psicanalise e psicologia sistêmica, que os vícios sao sintomas de todo o sistema familiar. Dessa forma, o alcoolista é atraído por um parceiro(a) dependente emocionalmente, com missão de “salvar os outros”, o que leva a uma “aceitação” do problema.

Nesse sentido, a familia aceita que o outro “é assim” e é conivente com comportamentos disfuncionais, ate escondendo ou tentando viver uma “normalidade”, o que gera traumas aos filhos que crescem sem uma base de vínculos amorosos saudáveis.

No segundo estagio do alcoolismo, tragedias como acidentes, divórcios ou perdas financeiras, levam o alcoolista a buscar ajuda profissional. Ainda mais, quando o mesmo não é internado. Nesses casos, o tratamento passa por acompanhamento psicológico profissional constante por toda a vida, para evitar recaídas.

No entanto, muitas pessoas, pela falta da manutenção e cuidado em manter a psicoterapia, ocorrem as recaídas. Situações que fogem do controle, mentiras descobertas, mal estar na rotina, achar que pode voltar a beber, acabam reincidindo o vicio e novas crises existenciais, familiares, financeiras.

Por isso, a familia do alcoólico também precisa estar consciente da importância do tratamento. Deve ter acompanhamento psicológico também, para prevenir recaídas. Não existe cura para alcoolismo e drogas, existe tratamento bem sucedido e manutenção do mesmo.

Alcoolismo na família: suas marcas emocionais: fuga da realidade.

Para entender o alcoolismo, a psicanalise traz o mecanismo de sobrevivência, inconsciente, de fuga da realidade. Algumas das características de personalidade é não conseguirem dizer o que sentem, passividade nos relacionamentos e financeiro, falta de auto responsabilidade, decisões não assertivas.

Em suma, são pessoas com bloqueios emocionais. Podem carregar traumas de infância, baixa auto estima, pouca habilidade de resolução de conflitos, transtornos de ansiedade.

Normalmente iniciam o consumo de álcool na adolescência e vão tornando o consumo habitual, perdendo a noção de quantidade e senso da realidade, beber muito ou como um habito torna-se normal para o alcoólatra.

Alcoólicos em recuperação ou em Sobriedade, relatam sua questão pessoal com o vicio, o porque de beberem tanto, do que fugiam emocionalmente. Com auto conhecimento e psicoterapia a pessoa vai retomando o controle sobre si mesmo, sobre a própria vida e decidindo mudar seu rumo.

Alcoolismo na familia: Consequências para a vida adulta.

O alcoolismo não tratado terá como consequências o progresso da doença e relacionamentos conturbados. Acidentes domésticos sao comuns, esquecimentos. Como confiar? A insegurança esta sempre por perto.

Por exemplo, filhos que tem genitores alcoólicos relatam depressão, insegurança, dificuldade de manterem decisões, sensação de estarem sempre insatisfeitos. Simultaneamente, relatam seus pais forcando uma convivência como se “não tivesse nada errado”. Sentem-se culpados ao excluir seus pais mas também tristes com as confusões devido o excesso de bebida.

Em relatos de sobriedade, a pessoa se da conta de seus erros e pode pedir perdão, melhorar. Mas resgatar confiança e esquecer magoas se faz com o tempo.

Alcoolismo, marcas emocionais: cuidados com jovens.

A atual geração de jovens vê a bebida e drogas com uma naturalidade preocupante.

“Como você se diverte sem beber?” é  uma pergunta de muitos jovens para aqueles que não bebem socialmente. E, acrescentado ao álcool, existem as drogas. A maconha, cocaína, as famosas “balas” da atualidade.

Como psicanalista, avalio que isso ocorre pela fuga da realidade, busca do prazer instantâneo, não pensar nas consequências, falta de convivência familiar de qualidade. A busca por diversão máxima, ao contrario da geração de seus pais voltada ao sustento e sobrevivência, extrapolam limites com mais facilidade.

Nesse sentido, sugiro refletir sobre a busca do prazer imediato sem pensar na saúde, auto cuidado e no futuro. Assim com o abuso sexual, os vícios também tem muita entrada entre jovens com baixa auto estima e carentes.

Muitos procuram psicoterapia quando aparecem as consequências negativas. Por exemplo, a curto prazo, esquecimentos, perda do rendimento acadêmico, alucinações, acidentes de transito, insônia, mentiras.

A médio e longo prazo os vícios são descobertos. E algumas consequências trágicas não tem como voltar atras, causam traumas no individuo e sistema familiar. O ideal é prevenir com uma auto estima saudável (auto cuidado) e grupos sociais que façam bem.

Trauma emocional do alcoolismo: é possível perdoar?

Como perdoar um trauma de infância? Voltar a confiar em alguém que cometeu violência alcoolizado? Um alcoólico pode mudar?

Para responder algumas dessas perguntas, a primeira atitude é agendar um psicólogo para avaliação de personalidade e psicoterapia adequada. Caberá ao profissional avaliar as causas, personalidade e o nível de perigo oferecido as pessoas próximas.

Se você convive com um alcoólico, a psicoterapia é fundamental para manutenção das questões psicológicas, evitando recaídas. Se você tem traumas do passado ou carrega ódio e magoas relacionadas as consequências do vicio, saiba que o perdão é um processo.

Perdoar não significa esquecer o passado. Porem a situação quando lembrada deixa de ter aquela carga emocional pesada e causar gatilhos que prejudicam relacionamentos no presente.

Psicoterapia para traumas do alcoolismo e prevenção de recaídas.

Em síntese, mexer em feridas não é um caminho fácil. Entretanto, Eu diria, como especialista em traumas, que existe um processo de assimilação e desligamento do trauma.

E é mais doloroso lidar ficar sofrendo preso ao passado, repetindo situações e padrões de comportamento, perder a familia por causa do vicio. Ou, por outra via, viver com depressão por causa do passado sem aproveitar a vida construída no presente.

Acredito como psicoterapeuta que toda pessoa pode evoluir, contanto que esteja com a mente aberta neste sentido. Deseje ser feliz e desapegar-se profundamente do sadismo e masoquismo que a vida do vicio traz.

O auto perdão vem primeiro. Atras do alcoolismo tem muitas questões emocionais a serem trabalhadas, que causam dor e sofrimento. Como humanos todos temos fragilidades, buscar a analise para ouvir-se, entender-se, evoluir esta nas formas de maiores sublimações humanas.

Logo, nada como um ser humano melhor para a sociedade, humanidade vibrar mais evolução também. Permita-se.