Amor próprio: Esse é o tema de psicanalise para reflexão de hoje. Como é para você se amar? Cuidar de você? Sentir-se bem sozinho e cuidar de sua individualidade? Ser autentico?
Como psicanalista atendo muitos homens e mulheres que sofrem de codependencia emocional. Em outras palavras, não conseguem ficarem sozinhos. Além disso, existe a síndrome do patinho feio. Por exemplo, quando busca-se a perfeição, agradar aos outros entrando em relacionamentos que prejudica-se a si mesmo(a).
Em psicanalise compreendemos que o amor próprio esta ligado ao proposito de vida. Para ilustrar, convido você a refletir: suas ações são favoráveis ou contrarias a sua felicidade?
Nesse sentido, entender como construímos nossos comportamentos é libertador para podermos desconstrui-los. A consciência sobre amor próprio que desenvolvemos a partir de um processo terapêutico promove mudar o olhar sobre si mesmo.
Amor próprio: o que você gostaria de dizer a sua criança interior?
Autoconhecimento envolve abraçar a própria historia, especialmente a criança e adolescente interior. Dessa maneira, para trabalhar psicanaliticamente o amor próprio mergulha-se na criança interior.
Assim, voltamos ao passado (este vive no presente), revendo e falando sobre vínculos afetivos, como você sentia-se na infância e adolescência. Sentia-se integrado? Sentia-se totalmente diferente?
Dessa forma, na infância aprende-se a viver ou sobreviver. Bem como impressões sobre quem somos. E muitas dessas introjeções e projeções formam uma autoimagem disfuncional.
Embora você não esta mais no passado, ele ainda esta dentro de você. Tudo que sua família considerava “normal”, você pode fazer ou vir a fazer. Eis o drama existencial de querer ser diferente dos pais, mas com o tempo tornar-se semelhante.
Por que isso acontece? Repetir padrões familiares indesejados? Devido o chamado piloto automático. Sobreviver não significa pensar.
Reflita: Que comportamentos da infância ou de sua família você pode melhorar para ser feliz?
Para ilustrar, lembro uma frase de Machado de Assis: “o menino é pai do homem” (“Brás Cubas”) Nesse sentido, todos nós somos crianças de joelho ralado, e enquanto não conseguimos curar essas feridas, não conseguimos dar o salto definitivo para a idade adulta.
Amor próprio baixo devido relacionamentos que traumatizam.
Além de causas na infância e adolescência de amor próprio baixo ou inexistente, muitas pessoas entram em crises de amor próprio e autoconfiança devido traumas em relacionamentos.
Relacionar-se com um(a) narcisista, por exemplo, traz pânico. Na falta de maturidade e responsabilidade afetiva, relacionamentos se dão por instintos e fantasias. Assim, constroem-se ilusões que não se sustentam ao longo do tempo.
Por exemplo: trauma da traição, falta de comprometimento, violência psicológica devido financeiro ou físico, violência física, abandono, ciúme obsessivo, entre outros. Se em seus relacionamentos já houve um desses, no próximo relacionamento pode ter aquela sensação de que aquela nova pessoa vai trair, mesmo que não haja nenhum indício disso.
É por isso que vemos tantas pessoas em loopings de repetição na vida amorosa. Muitas foram machucadas e machucam, outras foram rejeitadas e rejeitam, e também tem quem acredite que “o amor não é para elas”
Tratar os traumas em psicanalise tem haver com querer carregar menos dessas bagagens.
Como você se trata? como você se vê? Quais seus valores sobre você mesmo?
As crenças aprendidas na infância criam raízes profundas. Podem paralisar, manter preso ao passado, ter medo de fazer ou dar tudo errado. As pessoas estão sempre fugindo de si mesmas, num movimento contrário ao da autoaceitação, querendo ser outras pessoas. O primeiro passo para mudar é aceitar a si mesma.
Olhar sua criança interior é o caminho para descobrir seus gatilhos de comportamentos sabotadores. Quando você para de cuidar de você? ou você nunca se sentiu merecedor de ter um momento seu?
Cada história é única. Por isso os traumas que levam pessoas a sofrerem de depressão não têm as mesmas origens. Isso acontece porque cada pessoa interpreta de uma forma as situações, conforme a realidade que vive e as experiências de conforto ou sofrimento emocional.
Tenho dificuldade de achar que alguém gosta de mim. Como parar de me sentir tão inseguro(a)?
À nível de traumas, esses costumam ocorrer nas relações familiares e afetos frios, distantes, ausentes, abusivos. Casamentos insatisfatórios já geram por natureza uma falta de harmonia no lar. Os filhos, inconscientemente, recebem e introjetam essa energia negativa e afetividade deficiente dando inicio aos traumas afetivos.
Sentir-se insegura(o) e por baixo pode acontecer em alguns momentos da vida. O que você não pode deixar acontecer é que estes momentos tornem-se dominantes sobre os outros, ou seja, sentir-se tão por baixo a ponto de anular os seus sonhos e os seus desejos.
Desde a infância, mas principalmente após os 13, 14 anos em diante somos testados por nós mesmos para sermos alguém. Só que a maioria das pessoas dependem da avaliação dos outros. Esperam que os outros os validam: bonito, gostoso, inteligente, etc… Se embarcamos nessa, é uma canoa furada.
O que acontece normalmente é uma subvalorização de si mesma, por achar que os outros são mais interessantes ou se menosprezar. Por que não dar mais atenção para você, aos seus dias e seus sonhos?
O tempo passa, as crianças que sobrevivem nesses ambientes vão se desenvolvendo carregando as traumas. Como o trauma guarda muita energia reprimida, vai acontecer uma queda de potencial ao longo do desenvolvimento.
Por exemplo: comportamentos de timidez, sexualidade precoce, insegurança, transtornos alimentares, baixa auto estima, dificuldade de relacionamentos, insegurança, indecisão, depressão, falta de limites e decisões imprudentes que geram arrependimentos.
Esses “nós emocionais” tem como consequência bloquear o poder pessoal e podem resultar em escolhas inadequadas, logo, frustração e sofrimento.
Lembre-se você não é seu pensamento e por tanto se não pode controlar suas emoções negativas, pode entender melhor seus pensamentos e encontrar uma melhor forma de interpretar as coisas. Você pode adquirir essa habilidade no processo terapêutico.