Violência domestica contra homens

Violência domestica contra homens: você é homem e tem sofrido violência física, psicológica ou financeira de sua parceira(o)? Ou conhece alguém passando por isso?

Atendendo homens no consultório por duas décadas e me dedicando ao estudo da psicologia masculina, percebo que existe um tabu nos relacionamentos abusivos, principalmente, quando o abusado é um homem.

Este homem pode ser heterossexual, homossexual, bi ou trans. Muitos silenciam por vergonha e medo diante da violência doméstica devido estereótipos machistas e sexistas existentes.

Não só mulheres e crianças sofrem violências domesticas dentro de casa. Pesquisas de crimes no Brasil comprovam que muitos homens são agredidos por mulheres ou seu parceiro. Sendo que a maioria apenas buscou ajuda após a 3 agressão sofrida.

Violência domestica contra homens: Padrões Psicológicos do homem abusado

A violência domestica contra homens inicia de forma sutil: verbalmente, psicologicamente. Por exemplo: gritos, xingamentos, chantagens, ,manipulação. E posteriormente financeira e/ou física.

Conjuntamente, o perfil do homem que vive relacionamento abusivo tem baixa auto estima, busca agradar, sente-se culpado, é submisso. Sente-se preso no relacionamento e não sabe como lidar com comportamento agressivo do parceiro(a), tem medo das chantagens.

Nesse caos emocional, o homem normalmente cede as chantagens. Pode começar a ter atitudes agressivas também. Na busca por soluções sozinhos podem tentar relacionamento aberto ou infidelidade, dormir em quartos separados, continuarem juntos por causa de filhos. Com o tempo aparece o sentimento de profunda solidão e exploração. Qual seu papel no relacionamento?

Como especialista em traumas de infância e abuso, normalmente estes homens tem histórico familiar de muitas brigas entre os pais, o que leva a ter pânico de brigas e de divorcio.

O estereótipo que “homem tem que ser forte”, “homem tem que dar conta de tudo e não pode desistir” “ser o provedor” mantem padrões de violência. Nesse sentido associado a baixa auto estima e baixo auto conhecimento acaba atraindo parceiras sem amor genuíno.

Após a fase da paixão, comportamentos agressivos do parceiro(a) surgem no sentido de controlar e manipular. Por terem baixa auto estima e não saberem lidar com rejeição, acabam criando mecanismos de sobrevivência para maquiar a própria dor.

Nesse sentido, suprimem seus instintos, retraem emocionalmente. Consequência disso será um sentimento de vazio, incompletude. Podem colher frutos de sucesso material mas sentirem-se deficientes em serem amados pelo que são.

Muitos pesquisadores em violência domestica contra homens afirmam que a distancia emocional que se estabelece entre abusado e abusador(a) ajuda a manter o padrão das agressões em silencio. Por exemplo: guardar segredo sobre a agressão, doença da negação.

O trauma do relacionamento abusivo

Os danos causados aos homens que sofrem relações abusivas são destruição de crenças sobre o amor, distorção de instintos básicos de defesa, dificuldade de voltar a confiar, devastação do corpo e da identidade.

Por exemplo, um homem hetero que era abusado financeiramente e psicologicamente, sempre ouvia de sua parceira que “o sexo era ruim”, “ruim de cama” acabou desenvolvendo um complexo em relação a sua masculinidade.

Outro exemplo, um homem gay que era abusado psicologicamente e fisicamente, sempre ouvia do parceiro “que se oferecia em fotos”, “não sabia se portar”, “parecia seduzir a todos”. Juntamente com a violência verbal sofria empurrões, beliscões e tapas quando o parceiro julgava-se traído. Então desenvolveu crenças de que “merecia apanhar”, “fazia tudo errado” e uma depressão com ideação suicida.

No caso da violência em relacionamentos homossexuais, aceitar a necessidade de ajuda torna-se mais difícil pois muitas já vieram de lares homofóbicos e agressivos. Repetir padrões de violência acaba reproduzindo estresse pós traumático e síndromes de estresse.

Essa síndrome baixa o sistema imunológico trazendo doenças crônicas e cria memorias corporais. Assim, as vitimas ficam cansadas, desanimadas e tentam pedir socorro de formas sutis como ter uma aversão ao atual relacionamento.

Violência contra homens: Como a psicologia junguiana auxilia no pós trauma e redefinir ligações românticas?

Como um homem que teve um relacionamento abusivo redescobre o amor? Para sobreviver a infância e a juventude a maioria dos homens aprendem a não chorar e desvalorizar diálogos emocionais.

Muitos crescem perdidos socialmente e na sexualidade. Na vida adulta buscam parceiros(a) que os amem. Entretanto experiencias toxicas e violentas causam aversão a relacionamentos românticos.

Como psicóloga junguiana, a psicoterapia atua desatando esses nos emocionais. Antes que possamos alterar as repercussões do passado a terapia atua parar na perpetuação de relacionamentos abusivos.

Dessa forma, para romper a violência conjugal, é fundamental ir além da causalidade e tratar as raízes: entender a atração e efeitos. A fim de melhorar sentimentos feridos ou vitimização social, cultural, precisa-se trabalhar seu modo de pensar e comportamentos nos relacionamentos amorosos.

A psicanalise mostra que sempre vale a pena olhar o passado, em como as experiencias da infância podem bloquear o caminho para um amor saudável e de confiança mutua. Especialmente no universo masculino, onde muitas emoções são reprimidas e existem muitos medos, insegurança.

Em suma, ciclos de violência conjugal podem ser interrompidos, rompendo legados de crenças negativas, traumas. Permitindo-se uma revolução emocional, tendo coragem e sensibilidade de buscar ajuda para cuidar-se.

Dessa forma, todo homem pode reconhecer sua humanidade, vulnerabilidade ao invés do orgulho e fazer mudanças que tragam novos resultado a suas escolhas amorosas no presente e no futuro.

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