Psicoterapia para Atletas: Raiva Disfuncional e Busca por Equilíbrio

Terapia Online - Lisiane Hadlich

Lisiane Hadlich

Desde o ano 2000, venho sendo uma força de mudança na vida de inúmeras pessoas. Jornadas marcadas por histórias de transformação e crescimento para adultos, adolescentes, casais e famílias - não importa a complexidade dos seus desafios estou aqui para te ouvir, apoiar e guiar você em sua busca por uma mente feliz e uma vida mais plena.

A raiva pode ser explosiva e muitas vezes é. Mas nem sempre é entendida e regulada emocionalmente. Assim, em esportes de alta performance e atletas submetidos à constante pressão por desempenho, ela costuma surgir de forma mais sutil: na tensão corporal que nunca relaxa, na impaciência crescente com a equipe, nos pensamentos rígidos sobre falhas. Bem como comportamentos compulsivos que se repetem após dias emocionalmente exaustivos e estressantes.

Na perspectiva da psicologia cognitiva, a raiva se intensifica quando há pensamentos distorcidos que associam erros a catástrofes ou rejeição. Já na psicanalise, ela é vista como energia que precisa ser compreendida. Quando toma conta da mente sem controle, obscurece a mente e rompe a conexão consigo e com os outros. Nas duas visões, na psicoterapia, a chave está em entender suas causas e lidar com ela de forma lúcida.

Como psicóloga online atendo atletas e profissões de alto desempenho em cidades como São Paulo, Zurique, Lisboa, Miami, Nova York, Londres, entre outras. Por isso, neste artigo vou abordar como a raiva reativa surge em contextos de performance. Bem como a importância da regulação emocional para expressar limites, nomear afetos ou lidar com injustiças. Também o impacto desse desequilíbrio emocional no rendimento, nos relacionamentos e na saúde psíquica. Ademais como a psicoterapia pode contribuir na reconstrução interna do equilíbrio onde força, sucesso e sensibilidade possam coexistir.

Quando a raiva se torna um obstáculo na alta performance

Muitos atletas como jogadores de futebol, tenistas, preparados físicos, técnicos esportivos, treinadores vêm de trajetórias marcadas por privações emocionais e histórias familiares complexas. Em muitos casos, a escolha pelo esporte profissional não foi apenas um talento natural, mas também uma forma de sobrevivência social e financeira. Por exemplo: alcoolismo, ausência paterna, infidelidade, violência verbal ou negligência afetiva são parte do pano de fundo de muitos que hoje brilham em estádios e quadras. Crescer nesse ambiente muitas vezes significa aprender a calar. Dessa forma, a engolir raiva, medo e tristeza para poder seguir.

No início da carreira, a concentração no treino e o foco em vencer funcionam como anestesia. A rotina intensa ajuda a adiar dores não elaboradas. Mas, com o tempo, essas emoções mal resolvidas deixam de ficar “debaixo do tapete”. Assim começam a se manifestar em formas sutis e depois mais evidentes como reações impulsivas, ressentimento, isolamento emocional e crises de raiva reativa.

Um exemplo comum é o do atleta que mantém disciplina e controle ao longo da semana, cumpre treinos e estratégias, mas no final de semana extrapola em comportamentos de risco: brigas, impulsos, excessos em festas ou conflitos com colegas e parceiros. Depois, sente culpa, mas não entende o que o levou a agir assim. Às vezes, basta um comentário atravessado ou uma sensação de rejeição para disparar reações intensas. A mente interpreta situações neutras como ataques resultado de um histórico interno que mistura dor não expressa e carência de regulação emocional.

A raiva, nesse contexto, não é apenas um estado pontual. Ela se torna um obstáculo para a performance consistente, para o bem-estar psíquico e para a qualidade das relações dentro e fora da equipe. E, quanto mais ela é negada, mais força ela ganha até encontrar uma forma distorcida de aparecer. Como, então, sustentar a performance sem ignorar aquilo que pulsa por dentro?

Raiva Disfuncional: Quando a Mente Reage sem Consciência

A raiva, por si só, não é um ruim. É uma emoção legítima, natural, até necessária. Especialmente no contexto esportivo, onde determinação e limite caminham lado a lado. Mas quando a mente reage automaticamente a qualquer sinal de frustração, crítica ou exclusão, sem que o sujeito compreenda a origem dessa resposta, a raiva se torna disfuncional. E ela deixa de proteger para começar a prejudicar.

Na psicoterapia cognitiva, esse processo é descrito como um ciclo entre pensamento, emoção e comportamento. Um olhar atravessado, um comentário fora de hora ou uma escolha técnica mal compreendida podem ser interpretados como ataque pessoal, rejeição ou desrespeito. Em milésimos de segundo, sem passar pelo filtro da consciência, o corpo responde com tensão, o tom de voz se eleva, e o comportamento se torna reativo como se o campo de batalha estivesse em todos os lugares.

Posteriormente, vem a culpa, o arrependimento, a rigidez ainda maior. Em psicologia junguiana e psicanalise, esse arquétipo da raiva automática chama-se de krodha. Em outras palavras, uma forma de cegueira emocional que impede a lucidez e rompe o elo com a realidade. Assim, muitos atletas de elite, inclusive os mais disciplinados reconhecem esse padrão: agem com excelência nos treinos, mas perdem o eixo em situações sociais, afetivas ou de competição emocionalmente carregadas. Reprimem tanto que, quando a raiva vem, ela explode em lugares que não condizem com o que realmente estão sentindo. E por vezes, não explode: implode, silencia, adoece o corpo, afasta as pessoas, corrói a motivação.

Quantas vezes um atleta já ouviu que é “grosso”, “explosivo”, “difícil”? E quantas dessas reações não eram, na verdade, pedidos disfarçados de escuta, espaço ou reconhecimento emocional? Sem consciência do que se sente, o risco é viver em repetição reagindo aos outros quando, na verdade, está tentando se proteger de dores antigas.

Nem tudo é sobre o outro: projeções emocionais no esporte e na vida

Quando a raiva não é compreendida, ela é facilmente projetada. O atleta passa a culpar colegas, técnicos ou parceiros por tudo que sente. Pequenos atritos se tornam ofensas. Críticas técnicas são vistas como ataques pessoais. A raiva, nesse caso, não é uma reação ao presente, mas à história emocional não elaborada marcada por experiências antigas de injustiça, humilhação ou abandono. Em vez de reconhecer o que sente, ele reage. E a reação, sem reflexão, destrói relações e oportunidades.

Essa projeção emocional pode se desdobrar em comportamentos impulsivos. Sexo descontrolado, brigas, gastos excessivos, ou vínculos com pessoas que apenas alimentam esse desequilíbrio interno. É o ciclo da autossabotagem: momentos de sucesso seguidos por decisões que comprometem tudo. O atleta até sabe o que deve fazer, mas algo mais forte o puxa de volta ao mesmo lugar. Também como se houvesse uma culpa por estar bem, ou um medo de realmente amadurecer. O corpo busca adrenalina, mas o psiquismo quer punição.

A raiva mal resolvida encobre a falta de autorresponsabilidade emocional. Tudo vira culpa dos outros: “me atrapalharam”, “não me respeitam”, “só querem me usar”. Mas por trás desse discurso, muitas vezes há baixa autoestima, imaturidade afetiva e confusão entre mérito e merecimento. Sem inteligência emocional, o sujeito perde também a capacidade de fazer boas escolhas sociais e financeiras. Ele brilha, mas não se sustenta. Sem autoconhecimento, talento não vira legado.

Mente Acelerada e Corpo em Alerta: Efeitos da raiva disfuncional.

Quando a mente não para, o corpo começa a dar sinais. É assim que o estresse crônico se instala: de forma sutil, muitas vezes disfarçado de produtividade. Porem, isso se traduz em tensão muscular constante, taquicardia, insônia leve, alterações no apetite e episódios de agressividade. O corpo entra em estado de alerta como se estivesse sempre prestes a enfrentar uma ameaça mesmo sem há perigo real. A ansiedade cresce, e a raiva reprimida se mistura com cansaço e frustração.

A aceleração mental também compromete a percepção da realidade. Surgem pensamentos repetitivos, sensação de urgência, dificuldade de descansar ou aproveitar momentos simples. Tudo parece urgente, e nada é suficiente. É como se o sujeito estivesse sempre correndo contra o tempo, mesmo nos dias em que não há jogo. A mente se recusa a silenciar, e essa hiperatividade interna cobra um preço: baixa concentração, impulsividade, desgaste emocional, conflitos nos relacionamentos familiares e profissionais, não saber ouvir.

O problema é que, nesse estado, muitos ainda se cobram mais. Ao invés de parar, desacelerar ou pedir ajuda, tentam aumentar o esforço acreditando que “é só uma fase”, ou o culpado “são os outros”. Mas o corpo tem limites. E antes de uma crise emocional mais grave, ele envia sinais. Nesse sentido, a psicoterapia retoma o básico bem feito e a clareza mental para gerar um centro interno de calma.

Psicoterapia e Regulação Emocional: Treino para o Equilíbrio

Assim como o corpo exige preparo, repetição e disciplina para alcançar o alto rendimento, a mente também precisa ser treinada. A regulação emocional é uma habilidade e conhecimentos aprendidos. A psicoterapia funciona como esse espaço de treino interno, onde o atleta começa a identificar os gatilhos que ativam sua raiva, sua ansiedade e suas respostas automáticas. O que parecia só cansaço ou irritação, na verdade, pode ser a repetição inconsciente de antigos padrões emocionais.

Entendimento e mudanças são possíveis com abordagens de psicoeducação sensorial, atencao plena (mindfulness), ancoragem cognitiva, autoconhecimento do dialogo interno e historia de vida, técnicas de respiração consciente. Além disso, a imaginação ativa para trabalhar simbolicamente com as situações de raiva.

Na abordagem da terapia com foco nas emoções, percebe-se novas interpretações mentais. Por exemplo, de uma crítica, o medo de ser rejeitado, a necessidade de aprovação constante. Além disso, tornar-se resiliente entre estímulo e a reação. Desenvolvendo a calma descobre-se que há um intervalo. E é nesse intervalo que nasce a liberdade. O atleta que aprende a reconhecer esse espaço interno desenvolve mais do que controle: conquista autodomínio com consciência.

A psicoterapia é esse treino profundo, fortalece a autonomia emocional, permitindo que o atleta ou profissional de alta performance escolha suas respostas ao invés de apenas reagir. Isso não o torna menos intenso, nem menos competitivo. Torna-o mais lúcido, presente e preparado para sustentar o próprio sucesso sem que isso custe sua saúde mental ou seus vínculos mais íntimos.

Recuperando Relacionamentos: Reverter o Ciclo Destrutivo da Raiva

Mesmo quando a raiva parece ter destruído pontes, pode ser possível reconstruí-las. Muitos atletas e profissionais de alta performance se arrependem depois de perder o controle. Entretanto, o pedido de desculpas nem sempre é suficiente para reparar o impacto emocional em quem convive com eles. A repetição do mesmo padrão de reação, seguida de silêncio ou culpa, cria um ciclo: tensão, explosão, afastamento e tentativa de reconexão. Com o tempo, isso desgasta até os vínculos mais sólidos: conjugal e familiar.

Relacionamentos íntimos, especialmente com cônjuges e filhos, exigem presença emocional. Mas quem não aprendeu a lidar com as próprias emoções dificilmente conseguirá sustentar conversas delicadas sem ativar mecanismos de defesa como agressividade, ironia ou afastamento. O excesso de reatividade muitas vezes encobre o desejo profundo de ser amado, compreendido ou valorizado.

Romper esse ciclo não depende só de força de vontade. É preciso entender o que está por trás da raiva, elaborar histórias antigas, ampliar o vocabulário emocional e aprender a se posicionar com firmeza e afeto. A psicoterapia é o espaço seguro para essa reeducação emocional, onde é possível transformar dor em consciência e reconectar-se com as pessoas que realmente importam sem perder a própria essência.

Conclusão: O equilíbrio emocional também sustenta a vitória

Manter-se no topo exige mais do que talento. Exige equilíbrio emocional. Em mais de 25 anos de experiência clínica, acompanho em psicoterapia online atletas, técnicos e profissionais de alta performance em cidades como Porto, Boston, Florença, San Diego e Belo Horizonte. Todos em busca de controle emocional, foco e relações mais saudáveis.

A psicoterapia online, com base da psicologia junguiana e outras abordagens, oferece um espaço confidencial e estratégico para transformar impulsos em escolhas. Se a raiva tem afetado sua performance ou seus vínculos, talvez seja hora de treinar o que ainda está invisível: sua mente. Agende sua consulta aqui.

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