Famílias toxicas: superproteção e narcisismo.

Terapia Online - Lisiane Hadlich

Lisiane Hadlich

Desde o ano 2000, venho sendo uma força de mudança na vida de inúmeras pessoas. Jornadas marcadas por histórias de transformação e crescimento para adultos, adolescentes, casais e famílias - não importa a complexidade dos seus desafios estou aqui para te ouvir, apoiar e guiar você em sua busca por uma mente feliz e uma vida mais plena.

Com mais de 25 anos de experiência em psicoterapia, especialista em psicologia analítica e terapia familiar, acompanho de perto padrões de comportamento de famílias toxicas: superproteção e narcisismo. Por isso, hoje escrevo sobre os impactos profundos que relações familiares disfuncionais geram na autoestima, na autonomia e na saúde emocional de adultos.

Nesse sentido, destacam-se os sintomas do narcisismo: chantagens, críticas constantes, controle excessivo, ausência de escuta. Igualmente relacionado ao tema da codependencia emocional. Pessoas que sofrem com superproteção e narcisismo sentem-se responsáveis em cuidar dos mesmos e incapazes de cuidarem mais de si mesmos e fazerem escolhas que desagradam seus pais.

Além da necessidade terapêutica para tratar traumas com pais e/ou mães narcisistas, que geram consequências para toda a vida. Muitas vezes esses conflitos vem desde a gravidez, no caso do filho(a) ser um motivo para a vida. Quantos pais vivem para seus filhos? Noutras historias de vida acontecem por crenças familiares, do filho ter obrigação de cuidar dos pais, entre outras “obrigações”.

Olhando o ponto de vista dos pais, estruturar uma família traz muitos desafios pessoais. Como dar amor se não recebeu? ouvir se não foi ouvido? ter empatia se cresceu no meio de tapas? colocar limites se veio de uma família agressiva?

Enfim, o que é funcional, saudável? E quando o relacionamento vira toxico na família?

Famílias Toxicas: quando o amor vira controle e narcisismo.

Primeiramente, pessoas superprotegidas costumam desenvolver baixa auto estima e são insegurança crônica. Isso vem de pais emocionalmente frágeis e que tentaram lhe proteger fazendo coisas por eles, criticando demais para que desistam, criando expectativas irrealistas e desproporcionais. A criança, assim, cresce sem desenvolver resiliência emocional.

Posteriormente, um jovem super protegido evita riscos, sente-se frustrado diante de pequenas dificuldades, desenvolve ansiedade de situações novas e espera que outra pessoa resolva por ele. Como alguém sempre supriu suas necessidades materiais e físicas acaba desenvolvendo fugas com os desafios da vida. Em outras palavras, compromete a autonomia e vida profissional.

Desse modo quem foi superprotegido torna-se emocionalmente infantil, agindo de forma inapropriada ao ouvir qualquer coisa que discorde. A medida que cresce essa pessoa pode construir amizades problemáticas, relacionamentos inconsistentes com idas e vindas, terem filhos com mais de um cônjuge, infidelidade, dependências químicas, desorganização financeira.

Família Que Sufoca: Como Romper o Laço Invisível

Superproteção e narcisismo são sintomas de famílias toxicas. Toda criança busca amor e reconhecimento por ser quem é. Mas nessas famílias existe um autoritarismo disfarçado de amor, que vai tentar gerar comportamentos desejados pelos pais e criticas, ameaças quando não correspondem ao esperado

Isso gera muitos conflitos na família. Observo bastante em famílias homofobias que tem filhos, homossexuais, que são rejeitados por seus pais devido o “medo dos outros”.

Também já tratei muitos casos de filhos frustrados porque seguiram os conselhos vocacionais de seus pais aos invés de fazerem o que realmente gostariam. O que também vale para relacionamentos.

Pais narcisistas tentam impor suas crenças e vontades a seus filhos. Na realidade, uma família saudável evolui na base do dialogo, escuta, humildade, amor incondicional. Quando perde-se o equilíbrio emocional familiar, inúmeros conflitos vão acontecendo.

Por exemplo: Bruna (nome fictício), 30 anos, advogada, mora sozinha. Ate hoje sua mãe todos os dias para saber onde ela esta, que roupa saiu de casa, se já almoçou. Quando Bruna tenta impor limites, sua mãe a acusa de frieza deixando-a chateada. Desde a adolescência, Bruna sentia que sua liberdade era uma ameaça. Adulta, sente culpa por seus desejos e começou a perceber na terapia que o excesso de cuidado era, na verdade, uma forma de controle emocional mascarado de amor.

Em suma, pessoas sufocadas crescem sem aprender a confiar em si mesmos. Desenvolvem um “radar” para agradar, um medo constante de errar e dificuldade de se conectar com seus próprios desejos.

Sintomas do trauma de famílias narcisistas

Os efeitos dessas dinâmicas não ficam na infância. Na fase adulta, é comum que filhos de famílias tóxicas:

  • Tenham dificuldade de dizer “não”;
  • Desenvolvam dependência emocional ou codependência;
  • Reproduzam padrões tóxicos em seus próprios relacionamentos;
  • Se sintam eternamente culpados por priorizar a si mesmos.

Além disso, muitos adultos que cresceram em famílias narcisistas desenvolvem, ao longo dos anos, quadros de depressão silenciosa, marcada por cansaço constante, sentimento de inutilidade, dificuldade de sentir prazer e relacionamentos afetivos frustrantes.

Em meu trabalho clínico, utilizo uma abordagem que une a psicologia analítica junguiana e a escuta profunda das histórias familiares, ajudando o paciente a reconhecer a origem desses sintomas, reconstruir seu senso de valor e restabelecer uma conexão mais autêntica com suas emoções e escolhas. A partir do momento em que o paciente compreende que não é “incapaz”, mas condicionado por vínculos adoecidos, ele começa a acessar sua força interior e resgatar o direito de viver com liberdade emocional.

Psicoterapia junguiana: você não precisa se tornar o que te feriu.

Repetir padrões familiares é, muitas vezes, um processo inconsciente. Imagens internas construídas na infância sobre amor condicionado, medo de desagradar moldam a forma como nos relacionamos, trabalhamos e cuidamos de nós mesmos. Entretanto, o fato de ter vivido em um ambiente disfuncional não significa que você esteja condenado a reproduzir sofrimento.

Através da psicoterapia analítica junguiana e técnicas comportamentais, é possível trazer essas imagens à consciência, compreendê-las e ressignificá-las. Esse trabalho profundo permite interromper ciclos geracionais de dor. Assim, ampliar o autoconhecimento e desenvolver formas mais saudáveis de se relacionar com o outro. Sobretudo, consigo mesmo.

Conclusão: a possibilidade de reescrever sua historia emocional.

Em síntese, repetir padrões tóxicos herdados da família é algo que muitas vezes acontece sem perceber. As imagens internas construídas em contextos de superproteção moldam as escolhas e relacionamentos. Mas o sofrimento aprendido não precisa definir sua trajetória.

O primeiro passo para mudar padrões comportamentais e emocionais é ter consciência das marcas do passado e buscar ajuda profissional. Simbiose com afetos frios e distantes desenvolvem apego evitativo e distante. Como consequência, relacionamentos superficiais e términos amorosos.

A conquista da paz interior, liberdade e honestidade emocional é algo que não tem preço. Também é importante trabalhar crenças de sentir-se merecedor de ser amado. Ter liberdade e dar liberdade aos outros é essencial para viver com paz e auto estima. Permita-se e busque ajuda profissional nessa evolução continua.

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