Olá! Meu tema psicanalítico para reflexão de hoje abraça a síndrome Burnout: a doença do esgotamento profissional. Primeiramente, manifesta-se de forma silenciosa. A pessoa vai adaptando-se ao trabalho aumentando demandas, trabalhando mais horas para dar conta de prazos.
Dessa forma no ambiente profissional pode ser visto como a “pessoa que faz” ou o “bonzinho que aceita tudo”. Logo, não saber dizer colocar limites, decidir prioridades e atribuir responsabilidades gera uma sobrecarga física, mental e emocional.
Ao mesmo tempo, a pessoa distancia-se emocionalmente de seu cônjuge e familiares. Bem como hobbies, dessa maneira, elevando o estresse, hormônio do cortisol e sofre com crises nos relacionamentos.
Quantos divórcios e doenças crônicas estão relacionadas a síndrome do Burnout? Constantemente no meu consultório atendo pessoas buscando autoconhecimento para fazer mudanças em si mesmas.
Nesse sentido, sua relação com seu trabalho, a doença, seus relacionamentos e estilo de liderança estão ligados a quem você é. O adoecimento pelo Burnout traz uma serie de reflexões que pedem mudanças. Então, como ter clareza para faze-las?
Síndrome do Burnout: a importância do autoconhecimento
O trabalho e carreira profissional trazem desafios que testam auto confiança, resiliência, criatividade, relacionamentos, cultura corporativa, inteligência emocional, valores. Ao mesmo tempo que lida-se com frustrações de expectativas, busca por avaliação profissional positiva e crescimento.
Nesse sentindo desenvolve-se a síndrome de Burnout, “um estado de fadiga ou de frustração motivado pela consagração a uma causa, a um modo de vida ou a uma relação que não correspondeu às expectativas”.
Tenho muitos pacientes adoecidos em ambientes corporativos devido sofrerem preconceitos (raça, sexo), estarem em funções incompatíveis com sua formação ou especialização, assedio moral e/ou sexual, a sobrecarga de atividades profissionais, lideranças toxicas, excesso de reuniões, entre outros motivos.
Muitas pessoas sofrem com longos deslocamentos ate o trabalho ou moram noutros locais. Consequentemente aumenta o cansaço físico, solidão e distancia familiar. Além disso, desfavorece uma alimentação saudável e exercícios físicos.
Síndrome Burnout: a doença do esgotamento profissional: Avaliação.
A síndrome completa de Burnout é composta por três fases que evoluem de forma progressiva:
- Esgotamento emocional. A exaustão emocional é simultaneamente física e psíquica. Sentida como um grande cansaço no trabalho, acompanhado de uma sensação de vazio e pela dificuldade em lidar com as emoções do outro.
Pode originar explosões emocionais como crises choro ou de fúria. Por outro lado, déficit de concentração, marcados por esquecimentos relativos a pedidos. - Desumanização da relação com o outro. Surge como consequência da exaustão emocional. O profissional, ao sentir que as emoções o excedem, coloca-as de parte. O uso do humor irônico e negro torna-se muito frequente no seu discurso.
- Sentimento de fracasso profissional. Pode sentir que já não é eficaz, que já não faz um bom trabalho e sentir-se frustrado por não dar o mesmo significado à profissão que dava quando começou a carreira.
A partir do sentimento de duvidar de suas capacidades. Surge, consequentemente, a auto desvalorização, a culpabilidade e a desmotivação. Por conseguinte, surge o absentismo, justificado ou injustificado, a fuga ao trabalho, o projeto de mudar de profissão.
Síndrome de Burnout: Reencontrando a si mesmo a partir da psicoterapia junguiana.
No decorrer deste artigo já abordei a definição e consequências. Então, como meu método psicoterapêutico, de base junguiano, auxilia na recuperação e melhora deste paciente?
São pacientes cansados e exaustos. Por isso, a psicoterapia tem mindfulness, hipnose e meditações guiadas conjuntas. Precisa-se, com a terapia, ir desativando na mente esses focos de incêndio.
Dessa forma, a partir do momento que o paciente sente-se melhor pode-se trabalhar as causas e estratégias para insights de proposito em vida, carreira. Diminuindo bloqueios e aumentando potenciais criativos.
Antigamente os testes vocacionais eram focados apenas nas habilidades e preferencias. Por vezes relacionados a adoecimento por questões psicológicas. Atualmente, a orientação de carreira preza pela saúde no trabalho combinada a um estilo de vida nesse proposito.
Muitas vezes reencontrar a si mesmo na terapia envolve reconstruir-se. Isso possibilita sair do modo de sobrevivência e dar novos sentidos para a vida.
Recuperando-se do Burnout: resgate da autoproteção, identidade e segurança.
No tratamento psicológico, a análise é voltada ao entendimento da pessoa em relação ao seu trabalho e os sintomas desenvolvidos. Por que escolheu esse trabalho? Quando começou o adoecimento?
Ouvir-se as crenças e padrões emocionais voltados a segurança, identidade, poder, integridade, possibilidade, abundancia, conexão, forca, autonomia.
Por que usamos em psicanalise o termo (re)construir-se? Em bournout, assim como outros transtornos mentais, o cérebro acostuma com o sofrimento. Isso gera um piloto automático de acostumar-se ao mal estar crônico.
Portanto, buscar ajuda para conhecer-se e mudar a si mesmo é um sinal de inteligência. Diferente de apenas medicações que anestesiam o físico mas não agem nas causas.
Psicoterapia é falar, ouvir-se, buscar entender-se e encontrar soluções, novos caminhos de vida para ultrapassar padrões de sofrimento encontrando apoio especializado, baseado em evidencias com ferramentas para trazer inspirações e nos tornarmos pessoas melhores.
Nota sobre a autora: Lisiane Hadlich Machado é psicóloga especialista em junguiana e casais. Atende com consultas particulares desde 2000 adolescentes, adultos e casais em diversos países na modalidade online.