Medos Emocionais e Relacionamentos: Como a Psicoterapia Auxilia

Terapia Online - Lisiane Hadlich

Lisiane Hadlich

Desde o ano 2000, venho sendo uma força de mudança na vida de inúmeras pessoas. Jornadas marcadas por histórias de transformação e crescimento para adultos, adolescentes, casais e famílias - não importa a complexidade dos seus desafios estou aqui para te ouvir, apoiar e guiar você em sua busca por uma mente feliz e uma vida mais plena.

Você já sentiu que faz tudo certo, mas continua se sentindo invisível nos relacionamentos? Já se percebeu evitando conflitos para manter a harmonia, mesmo que isso custe sua própria paz? Ou carrega a sensação de que, por mais que se esforce, nunca será suficiente. Ademais nem para os outros, nem para si mesmo?

Esse tipo de sofrimento e ansiedade costuma conviver com pessoas introspectivas, sensíveis e exigentes consigo mesmas. Muitas têm carreiras sólidas, inteligência admirável e profundo senso de responsabilidade, mas sentem dificuldade em se colocar em primeiro lugar. Vivem tentando ser “boas”, evitando incômodos, carregando silenciosamente o peso de vínculos desequilibrados ou tóxicos. A autoestima enfraquece, o medo da solidão cresce, e a autoimagem vai se tornando frágil, ainda que isso não seja visível a ninguém.

Com mais de 25 anos de experiência clínica, atuo como psicóloga, psicanalista e analista junguiana, atendendo homens e mulheres em Lisboa, Cascais, Oeiras, Orlando e em outras cidades pelo mundo. Este artigo é um convite para refletir sobre como a psicoterapia pode auxiliar quem deseja entender seus medos emocionais, reconstruir a confiança nos vínculos e cultivar um relacionamento mais justo e verdadeiro consigo mesmo.

Quando ser uma pessoa boa leva à anulação emocional

Ser genuinamente justo, empático e intolerante a qualquer forma de abuso é, para algumas pessoas, quase um reflexo instintivo. Desde cedo, elas aprendem que a dignidade do outro importa tanto quanto a própria, e sentem desconforto visceral diante de injustiças ainda que mínimas. Essa postura nobre, porém, costuma vir acompanhada de uma sensibilidade aguda: o medo de magoar, de decepcionar ou de repetir violências que vivenciaram na infância.

Na infância, muitos desses adultos foram expostos a dinâmicas familiares confusas. Por exemplo: negligência emocional, críticas veladas ou afeto condicionado. Acabaram assumindo precocemente o papel de mediadores, tentando equilibrar o ambiente para manter a integridade psíquica do grupo. Ao carregarem dores não verbalizadas, desenvolveram uma tendência a minimizar as próprias necessidades e a confiar em parceiros que, à primeira vista, pareçam seguros ou protetores, mas que muitas vezes reproduzem padrões de controle ou indiferença.

Do ponto de vista analítico, esse movimento revela uma combinação de apego ansioso, idealização do outro e medo inconsciente de reviver a solidão infantil. A bondade inata, somada à memória traumática, cria um ciclo: quanto mais a pessoa se doa, mais reforça a crença de que só será querida se permanecer disponível, subjugando-se a relações marcadas por carência ou dependência. Assim, a justiça que ela defende no mundo externo deixa de existir dentro de si, transformando o desejo de amor reciproco em ilusão.

Autoimagem negativa e sensação constante de inadequação

Algumas pessoas carregam, desde muito cedo, a impressão de que não são suficientes. Mesmo quando têm competência, sensibilidade e valores sólidos, algo dentro delas parece duvidar. A sensação de inadequação não vem de fracassos objetivos, mas de experiências emocionais mal digeridas. Em outras palavras, comparações injustas, críticas constantes ou ausência de reconhecimento afetivo durante a infância. Com o tempo, essa ferida psíquica se transforma em uma autoimagem distorcida, que contamina vínculos, escolhas e a própria percepção de valor.

Esses indivíduos geralmente são observadores, cuidadosos e atentos ao entorno, mas têm enorme dificuldade em olhar para si com o mesmo cuidado. Costumam buscar aprovação nos ambientes que frequentam seja no trabalho, nos relacionamentos ou nas redes sociais . Bem como se precisassem o tempo todo provar que merecem estar ali. São exigentes consigo mesmos, interpretam falhas como fraqueza moral e internalizam silêncios como rejeição. Quando algo dá errado, sentem que são o erro.

Esse padrão profundo de não ser merecedor de amor gera ansiedade, desconfiança, estado constante de alerta. Além disso a imagem que cada um constrói de si está enraizada na maneira como foi visto ou ignorado nas fases mais vulneráveis da vida. Enquanto essa matriz emocional não for compreendida e integrada, a autoestima continuará oscilando ao sabor das relações, deixando a pessoa refém de validações momentâneas e sem consistência interior.

Passividade afetiva: quando o medo impede o vínculo real

Por que tantas pessoas inteligentes e sensíveis permanecem em relações em que não conseguem se expressar plenamente? Por que calar é, tantas vezes, a escolha automática diante de conflitos ou mal-entendidos? A passividade afetiva, nesse contexto, não é preguiça nem fraqueza. Com certeza é um mecanismo antigo de proteção. Muitos aprenderam, ainda crianças, que expor suas necessidades custava caro: gerava brigas, afastamentos ou punições emocionais. O silêncio, então, virou estratégia de sobrevivência.

Na vida adulta, isso se manifesta como uma tendência a evitar desconfortos a todo custo. A pessoa cede, escuta, compreende mas raramente se coloca. Ela confunde paz com ausência de atrito e cuidado com autoabandono. Em um casamento, por exemplo, pode se tornar o parceiro sempre disponível, que entende o outro, mas nunca é verdadeiramente entendido. Num exemplo sutil: alguém que evita dizer que está cansado após um dia exaustivo, com receio de parecer egoísta ou de causar tensão. Com o tempo, essa postura desgasta o vínculo e alimenta sentimentos de invisibilidade e frustração.

É importante reconhecer que o cuidado genuíno não exige anulação. Um relacionamento maduro só se sustenta quando ambos podem ocupar espaço emocional com presença, escuta e limites. Passividade, nesse contexto, não é gentileza: é medo de perder o vínculo ao se mostrar por inteiro. E esse medo precisa ser olhado com profundidade, pois ele revela feridas antigas que continuam determinando a forma como o amor é vivido.

O medo da solidão e o conflito entre presença e abandono

“É mais fácil suportar a dor da ausência do que o risco de ser rejeitado ao se mostrar por inteiro.” Essa frase de André Green ilustra um conflito profundo vivido por muitas pessoas sensíveis: o desejo de proximidade real é sabotado por um medo de não serem aceitas tal como são. A solidão, nesse caso, não é simplesmente estar só. Ademais é sentir-se desconectado mesmo quando há companhia. É dormir ao lado de alguém e ainda assim experimentar uma ausência afetiva que corrói por dentro.

Alguns se relacionam apenas para não ficar sozinhos. Outros evitam se vincular para não reviver feridas antigas. E há aqueles que oscilam entre o apego e o afastamento, como se nunca conseguissem encontrar um lugar de equilíbrio. Em muitos casos, isso tem origem em perdas precoces, vínculos inconsistentes ou modelos afetivos marcados por abandono emocional. O resultado é uma desconfiança generalizada: do amor, do tempo, do outro e principalmente de si mesmo.

Nessas situações, a pessoa tende a escolher parceiros que reforçam a velha dor: relações que geram insegurança, medo ou dependência. E quanto mais o vínculo ameaça ruir, mais ela se doa, se adapta e se perde. O medo da solidão, paradoxalmente, acaba produzindo exatamente aquilo que se queria evitar: um esvaziamento da presença, da reciprocidade e da própria identidade dentro da relação.

Psicoterapia para conhecer-se e cuidar do vínculo consigo

Muitas pessoas vivem ocupadas em manter o controle da rotina, cumprir tarefas, sustentar relações, ajudar os outros e quase não percebem o quanto se afastaram de si mesmas. Não é raro ouvir frases como “não sei mais o que eu gosto”, “sinto que estou me apagando” ou “ninguém me vê de verdade”. Aos poucos, o contato com as próprias emoções vai se perdendo, e surge um incômodo difuso, difícil de explicar, mas constante: uma tristeza silenciosa, uma raiva contida, uma exaustão sem nome.

Na psicanálise, esse afastamento de si pode ser compreendido como um enfraquecimento do ego diante das exigências externas. Já na psicologia junguiana, falamos da perda de contato com o Self, a parte mais viva e verdadeira da personalidade. Quando a pessoa vive para corresponder ao que esperam dela, sem reconhecer seus próprios limites, desejos e dores, ela começa a se fragmentar. A escuta interna fica abafada, e o corpo ou os relacionamentos acabam expressando aquilo que a consciência não consegue sustentar.

O processo terapêutico oferece um espaço onde essa escuta pode ser recuperada. em outras palavras, deixar de se abandonar. Conhecer-se é, muitas vezes, um reencontro com partes esquecidas, negligenciadas ou até rejeitadas. E esse reencontro transforma tudo: a forma de se relacionar, de fazer escolhas, de lidar com frustrações e até de respirar. Um bom relacionamento consigo mesmo não exige perfeição, mas presença, consistência e coragem para se colocar em primeiro lugar.

Psicoterapia para se colocar em primeiro lugar sem culpa

Aprender a se colocar em primeiro lugar não significa deixar de amar os outros. Ao contrário: é reconhecer que vínculos saudáveis exigem presença real, e não sacrifício constante. Muitos pacientes chegam à psicoterapia com medo de relacionamentos devido experiencias traumáticas ao longo da vida. Além disso, essas memorias criam ansiedade que junta-se no dia a dia afetando o humor, criatividade e produtividade. Na falta do autoconhecimento pode-se recorrer as dependências como maconha, álcool, jogos, sexo casual, etc.

Esse processo pode ser desconstruído com delicadeza e verdade. é preciso revisitar histórias de infância e relações marcadas por rejeição, abandono ou exigência afetiva. Em outros, o foco está em reconhecer os próprios limites no presente e perceber os padrões emocionais que se repetem. Técnicas como o mindfulness ajudam a desacelerar pensamentos automáticos de culpa e a recuperar a conexão com o corpo, com a respiração e com o que é legítimo sentir.

A psicoterapia oferece esse espaço de cuidado profundo: onde não é preciso corresponder a expectativas, mas sim descobrir, aos poucos, o que faz sentido para si. Colocar-se em primeiro lugar, nesse contexto, é um gesto de lealdade interior. É um recomeço em que o afeto deixa de ser dívida e passa a ser escolha e onde o silêncio interno começa a dar lugar à presença autêntica.

Caso real sobre aprender a se colocar em primeiro lugar nos relacionamentos

Ana* chegou à psicoterapia dizendo que não sabia mais o que sentia. Empresária competente, respeitada em seu meio, vivia cercada de pessoas mas carregava a sensação de que ninguém a conhecia de verdade. Evitava conflitos, cedia sempre que podia e se orgulhava de ser “boa de lidar”. Nos bastidores, porém, havia noites em claro, mágoas não ditas e um medo constante de parecer egoísta por precisar de espaço.

Durante as sessões, Ana começou a reconhecer que sua forma de se relacionar estava ligada a experiências antigas de rejeição e de afeto condicionado. Ao revisitar sua história, foi possível compreender por que ela mantinha vínculos baseados na adaptação constante, e por que sentia tanta culpa ao tentar se colocar. Não houve mudanças drásticas, mas sim uma reorganização emocional lenta, fundamentada em pequenas escolhas diárias: dizer “não” sem se justificar, descansar sem se culpar, priorizar sua saúde mental.

Psicoterapia não é sobre se tornar alguém ideal, mas sobre deixar de repetir o que sempre doeu. Ana não se transformou em uma pessoa diferente — ela apenas passou a ocupar seu próprio lugar com mais verdade. E esse movimento, embora simples à primeira vista, mudou tudo: na forma de amar, de trabalhar e de existir.

*Nome e elementos alterados para preservar o sigilo clínico.

Conclusão:

Há momentos na vida em que fazer psicoterapia se torna o diferencial para seguir se desenvolvendo e evoluindo na vida pessoal e relacionamentos. Os medos causam ansiedade, distorcem a percepção e afastam oportunidades de viver bons relacionamentos. Reconhecer isso é o primeiro passo para buscar uma psicologia especializada, capaz de oferecer clareza sobre esses padrões e promover insights que abrem caminho para relações mais maduras. Assim uma vida emocional mais estável.

Se você sente que chegou nesse ponto, agendar uma primeira conversa pode ser o início de um processo profundo, consistente e transformador. Agende sua consulta de psicoterapia online aqui. Atendimento psicológico experiente para todos os continentes, abordagem junguiana e terapia de casais.

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