Casos extraconjugais e compulsão em trair: como parar?

Terapia Online - Lisiane Hadlich

Lisiane Hadlich

Desde o ano 2000, venho sendo uma força de mudança na vida de inúmeras pessoas. Jornadas marcadas por histórias de transformação e crescimento para adultos, adolescentes, casais e famílias - não importa a complexidade dos seus desafios estou aqui para te ouvir, apoiar e guiar você em sua busca por uma mente feliz e uma vida mais plena.

Nem sempre a infidelidade nasce da ausência de amor. Muitas vezes, ela revela um conflito interno que o sujeito não consegue nomear, impulsos que se repetem, vínculos que adoecem e escolhas que fragilizam a própria identidade. Casos extraconjugais, vício em conquista e vida dupla são expressões de uma sexualidade desorganizada, onde o desejo sobrepõe o compromisso.

Hoje escrevo com base em mais de duas décadas de experiência clínica, atendendo homens e mulheres em países como Reino Unido, Bélgica, Canadá, Emirados Árabes, Itália, Irlanda, entre outros. Como mudar padrões de traição, mentiras e sabotagens emocionais? Especialmente em relacionamentos longos e com filhos, como amadurecer e cuidar do vinculo?

Neste artigo, abordo os principais fatores psicológicos e emocionais que sustentam a compulsão por trair. Refletiremos sobre insegurança, carência afetiva, traços narcisistas, baixa autoestima e dificuldades no diálogo íntimo. Você verá como a psicoterapia pode ajudar a identificar esses mecanismos e sustentar mudanças consistentes na vida amorosa.

Compulsão por infidelidade: entenda o padrão

A repetição de traições nem sempre está ligada ao desejo pelo outro. Muitas vezes, ela revela um padrão emocional desorganizado, em que o sujeito busca, de forma impulsiva, alívio para angústias internas que não consegue nomear. A infidelidade torna-se um ritual de fuga da rotina, da intimidade, do próprio vazio.

Na clínica, esse comportamento aparece associado a traços de personalidade narcisista, baixa autoestima, medo da rejeição e um ego frágil que depende da validação externa. Estudos em Terapia Cognitivo Comportamental (Beck et al., 2013) mostram que crenças disfuncionais como “preciso me sentir desejado para ter valor” ou “vínculos estáveis ameaçam minha liberdade” alimentam esse ciclo auto sabotador.

Além disso, na psicanalise observa-se um ciclo destrutivo exaustivo: tensão interna, impulso, traição, culpa seguida de promessas, alívio momentâneo e nova recaída. Assim, enquanto não se compreende o que se repete no próprio psiquismo, a infidelidade continua sendo uma resposta mal direcionada a dores não resolvidas.

Em muitos casos, o comportamento infiel encobre um medo profundo de intimidade. Pessoas que cresceram em ambientes afetivamente frios, instáveis ou controladores podem ter internalizado a ideia de que amar é perigoso, ou que depender emocionalmente é sinal de fraqueza. Traumas da infância, como rejeição precoce, negligência ou abandono simbólico, contribuem para a formação de vínculos inseguros marcados por oscilação entre busca e afastamento. Em homens, especialmente, a cultura de masculinidade tóxica ensina que vulnerabilidade compromete o valor pessoal, o que bloqueia o afeto genuíno e estimula relações de poder, controle ou desempenho.

Infidelidade crônica: sinais e consequências

A infidelidade crônica costuma se manifestar como um padrão persistente de traições e vida dupla, reais ou virtuais. Muitas vezes, se trata de desejo sexual sem responsabilidade afetiva e de uma incapacidade de sustentar vínculos íntimos com maturidade emocional. Posteriormente, em vez de construir intimidade, o sujeito busca excitação e controle, oscilando entre encantamento, mentiras e desvalorização. Mesmo quando há afeto no relacionamento principal, a repetição da traição revela uma dificuldade interna mal elaborada.

Hoje, esse comportamento também se expressa nas redes sociais e aplicativos: flertes por mensagens, conversas secretas, perfis alternativos e consumo excessivo de conteúdo sexualizado. A tecnologia amplia as possibilidades de evasão emocional e facilita o reforço da compulsão, muitas vezes sob a ilusão de anonimato e impunidade.

Segundo o psicoterapeuta francês Serge Hefez (2004), “a infidelidade compulsiva revela uma dificuldade de permanecer no lugar simbólico do compromisso, onde o sujeito é chamado a lidar com o outro como ele é e não como gostaria que fosse”. Isso exige maturidade psíquica para sustentar o que o vínculo exige.

As consequências são devastadoras: angústia, despersonalização, culpa crônica, perda de confiança e queda de autoestima. Mesmo quando a traição não é descoberta, ela corrói a vitalidade emocional da relação porque o sujeito vive em constante tensão interna, com medo de ser desmascarado e desconectado de si mesmo.

Entre carência e excesso: quando o impulso domina

A compulsão por trair pode consistir em lidar com um vazio afetivo profundo. Pessoas que sofreram abuso sexual na infância ou cresceram em ambientes onde o afeto era ausente, condicionado ou violento, tendem a internalizar formas distorcidas de amar. Assim, desejo passa a ser confundido com pertencimento. O toque vira moeda de aceitação. A excitação, um modo de escapar ou causar dor e abuso.

Quando esses traumas não são elaborados, podem surgir quadros de impulsividade, hipersexualidade e perda recorrente dos próprios limites. O sujeito passa a construir relações marcadas por excesso, intensidade, ciúme, sedução, controle que, com o tempo, evoluem para padrões abusivos. Nessa dinâmica, a infidelidade aparece como conquista egóica, competição e a longo prazo, solidão de vínculos verdadeiros.

Relacionamentos instáveis, triângulos amorosos, envolvimentos simultâneos e envolvimento com pessoas emocionalmente indisponíveis são formas de sabotar o desenvolvimento conjugal e familiar. Em contextos mais extremos, há processos por assédio, comportamento predatório ou risco jurídico, especialmente quando o sujeito não percebe os próprios excessos. Assim, a psicoterapia permite reconhecer essas camadas e analisar a necessidade por vínculo real.

Narcisismo e traição: há conexão?

Nem toda infidelidade nasce do narcisismo, mas há casos em que a traição funciona como uma extensão do ego. O homem ou mulher não busca apenas prazer, busca ser admirado, desejado, reconhecido. A repetição da traição, nesses casos, alimenta uma imagem idealizada de si mesmo, que precisa ser constantemente reforçada pela síndrome de conquistador ou don juan, de forma irresponsável.

Na vivência clínica, é comum que o narcisista tema a vulnerabilidade. Ele evita o afeto genuíno, resiste ao diálogo honesto e interpreta intimidade como ameaça à sua autonomia. Quando não se sente suficientemente admirado, busca fora o que não consegue sustentar dentro. A traição aparece, então, como fuga do contato real, onde há frustração, cobrança ou necessidade de entrega.

Segundo Otto Kernberg (2007), “em personalidades narcisistas, o amor-próprio é inflado, mas instável e o outro é usado como espelho, não como parceiro.” Em vez de construir laços, o narcisista seduz para sustentar uma identidade. Não há troca, apenas repetição de uma presença vazia, centrada na própria imagem.

Compreender esse padrão exige muito mais do que força de vontade. O processo terapêutico permite investigar as raízes dessa necessidade de validação constante, romper com defesas rígidas e construir uma identidade mais integrada. Quando o sujeito começa a sustentar vínculos com verdade emocional, o desejo de manipular, seduzir ou dominar perde força. Desenvolver consciência é o primeiro passo para sair do ciclo e reconstruir o afeto em bases reais.

Psicoterapia para parar de trair: estratégias eficazes

Traição é uma quebra de confiança. Não há como construir uma família de valor sem respeito, integridade e diálogo verdadeiro. Trair o outro e ocultar verdades fere os vínculos mais profundos. Muitos repetem esse comportamento sem perceber que estão fugindo de sua própria identidade.

Em psicologia de casais, observa-se que a maioria dos que traem de forma recorrente carregam vínculos afetivos disfuncionais, traços de apego evitativo ou emocional distante. Alguns cresceram sem referências de respeito mútuo, outros aprenderam que o afeto precisa ser escondido ou manipulado para não sofrer.

Nesse sentido, a psicoterapia ajuda a interromper esse ciclo. A abordagem junguiana permite acessar o conteúdo simbólico por trás dos comportamentos repetitivos: sombra, persona, defesas inconscientes e feridas emocionais não integradas. Além disso investiga a origem relacional dessas repetições, muitas vezes normalizadas na infância ou adolescencia.

Como complemento, a Terapia Cognitivo-Comportamental trabalha a mudança de padrões automáticos. Abordagens de psicoterapia contemporânea de alta performance também contribuem para gerar responsabilidade afetiva e definir um propósito relacional mais consciente. Estudos longitudinais, como o Harvard Study of Adult Development, apontam que relações profundas e estáveis estão diretamente associadas à qualidade de vida e à saúde mental ao longo dos anos (Waldinger, 2015).

Autoconhecimento e responsabilidade afetiva

Muitos homens e mulheres tomam decisões estratégicas todos os dias, mas tropeçam no essencial quando o assunto é vida afetiva. Sabem lidar com pressão, metas, negociações mas hesitam quando precisam sustentar um diálogo transparente com quem dividem a intimidade. Não é que não compreendam o certo e o errado. Sabem. Mas evitam olhar com honestidade para o que sentem, e isso cobra um preço alto.

Assim, traição, nesse cenário, é uma fuga estruturada. Começa muito antes do ato. Surge no distanciamento emocional, na rotina vivida no piloto automático, na recusa em nomear frustrações. Muitos querem prazer sem atrito, desejo sem consequência. E acabam entrando em ciclos repetitivos, nos quais a própria identidade se torna fragmentada.

Certamente, a psicoterapia ajuda a reorganizar. Trabalhar o autoconhecimento é nomear emoções que estavam abafadas: carência, medo, ressentimento, insatisfação. É nesse ponto que surgem decisões conscientes. Bem como a decisão de terminar, se for o caso. Terminar com dignidade pode ser menos destrutivo do que manter uma relação alimentada por omissões.

Assumir responsabilidade afetiva é abandonar desculpas e sustentar escolhas com clareza emocional. Quando isso acontece, o sujeito deixa de reagir e começa a escolher com maturidade. Algumas verdades não podem ser terceirizadas. E entre continuar traindo ou amadurecer, sempre haverá um caminho mais honesto que começa dentro.

Conclusão:

Na psicoterapia, homens e mulheres ao redor do mundo têm buscado mais do que respostas e entender seus afetos, compreender seus vazios e construir vínculos com maturidade. Em qualquer continente Europa, América do Norte, Oriente Médio o cuidado emocional continua sendo um diferencial de quem escolhe viver com presença e não apenas sobreviver entre conquistas externas e fracassos íntimos.

Se você reconhece que chegou ao limite dos ciclos repetitivos e deseja tomar decisões com mais clareza emocional, autoconhecimento e verdade, talvez este seja o momento de iniciar seu processo terapêutico. A vida íntima precisa de investimentos tão estratégicos quanto qualquer outro projeto importante.

Para viver com mais consciência emocional, agende sua consulta aqui. de onde estiver, com quem estiver, para enfim se reconstruir.

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