Por Trás da Performance: A Ansiedade de Não Poder Falhar

Terapia Online - Lisiane Hadlich

Lisiane Hadlich

Desde o ano 2000, venho sendo uma força de mudança na vida de inúmeras pessoas. Jornadas marcadas por histórias de transformação e crescimento para adultos, adolescentes, casais e famílias - não importa a complexidade dos seus desafios estou aqui para te ouvir, apoiar e guiar você em sua busca por uma mente feliz e uma vida mais plena.

Profissionais de alta performance costumam viver em padrões contínuos de prontidão. Elas mantêm disciplina, produzem com constância, assumem responsabilidades e se tornam referência em eficiência. Mantêm metas claras, sustentam um alto padrão de performance e raramente se permitem falhar. Para o mundo externo, representam estabilidade. Entretanto, e por trás da performance? A ansiedade de não poder falhar. Internamente, convivem com uma tensão, alimentada por autocobrança, medo da desorganização e vigilância emocional constante.

Na clínica, é comum que esses pacientes não se reconheçam nos discursos mais comuns sobre ansiedade. Não relatam sintomas que comprometam sua rotina funcional. Ainda assim, convivem com dificuldades no sono, sintomas físicos recorrentes, impulsos afetivos intensos e dificuldade de desfrutar a intimidade ou o descanso. Muitas vezes, a queixa surge de forma indireta: instabilidade emocional na vida conjugal, compulsões, crises financeiras ou episódios de irritabilidade sem motivos racionais.

Como psicóloga com 26 anos de experiência clínica e foco em psicoterapia para adultos de alta performance, acompanho pacientes em cidades como Algarve, Queenstown, Paris, Coimbra, entre outros. Este artigo explora os bastidores emocionais da competência, o impacto da ansiedade funcional nas relações e como a psicoterapia contribui para reconstruir um espaço interno mais leve, verdadeiro e sustentável onde seja possível seguir performando, mas sem se perder de si mesmo.

Entendendo a Ansiedade Funcional: Disciplina e Exaustão Silenciosa

São pessoas reconhecidas, admiradas, muitas vezes referência em seus círculos sociais ou profissionais, mas que escondem um verdadeiro turbilhão interno. São vistas como confiáveis organizadas, mas vivem com tensão constante, alimentada por metas rígidas, controle absoluto e pensamento raiz de “não poder falhar”. A aparência de tranquilidade, nesses casos, é uma construção. Por dentro, há aceleração, hiper alerta e um esforço contínuo para não se desorganizar.

Esse tipo de funcionamento costuma ser confundido com estabilidade emocional, quando na verdade é uma resposta defensiva altamente refinada. Algumas dessas pessoas liberam a tensão em festas, viagens, intensidade. Outras preferem o recolhimento solitário, como estratégia de preservação psíquica. Em ambas as escolhas, há consciência, mas não necessariamente equilíbrio e planejamento de futuro. A pessoa vive o prazer com medida e substitui a espontaneidade pelo controle.

Nesse sentido, esse padrão emocional de nervosismo constante tende a contaminar outras áreas da vida. Por exemplo, a pessoa não consegue separar a exigência profissional dos vínculos afetivos. Pode se tornar agressiva sem perceber, descontar no trânsito, desenvolver compulsão sexual ou de infidelidade. Além disso, pode manter uma postura impecável no trabalho e, ao chegar em casa, colapsar emocionalmente ou tratar os mais próximos com indiferença. Quando isso acontece, não é mais uma questão de manter o desempenho. Ademais é de preservar a saúde emocional e a qualidade das relações.

Assim, quando o nervosismo, medos e estresse não são entendidos e canalizados de forma saudavel geram danos. Por exemplo: quando o corpo cobra, o sono falha, a irritabilidade cresce, respostas agressivas ou o vazio aparece mesmo em meio ao sucesso. Nesses casos, o autoconhecimento surge como uma ferramenta real de cuidado com a própria saúde psíquica. Identificar esse padrão é o primeiro passo para acessar uma vida que pode performar, mas preservando vulnerabilidades e humanidade.

Heranças familiares e culturais da autocobrança.

De onde vem essa sensação constante de “não poder falhar“? Por que, mesmo com resultados positivos, há um incômodo diante da possibilidade de perder ou não ser suficiente? Muitos pacientes se surpreendem ao perceber que a autocobrança que os move hoje foi aprendida muito antes da vida adulta, em ambientes onde o desempenho foi equivalente a sobrevivência. Assim, não aprendendo a presença emocional.

Em alguns casos, essa formação acontece em famílias marcadas por alcoolismo, instabilidade emocional ou ausências afetivas. Crianças que cresceram em meio a pobreza e caos aprendem que precisam se destacar, controlar ou antecipar tudo para evitar a dor. Já em contextos de sucesso, a pressão é inversa: é preciso manter a imagem, repetir conquistas, provar que é capaz. A régua não é negociável e a autocobrança nunca dá espaço real para falhas humanas.

Também há heranças culturais que moldam esse padrão. Por exemplo, homens negros inseridos em contextos brancos, mulheres que enfrentam o machismo estrutural, filhos de imigrantes, pessoas que cresceram ouvindo que precisavam se esforçar o dobro para ter metade do reconhecimento. Quando o histórico pessoal e o social se entrelaçam, cria-se uma estrutura interna de alta exigência que, com o tempo, deixa de ser estratégica e passa a ser opressiva.

A psicoterapia ajuda a romper esse ciclo não para enfraquecer a competência, mas para restaurar a liberdade de existir de forma mais leve. Assim reconstruir o valor pessoal para além da performance. A meta não é abandonar a competência, mas desmontar o vínculo inconsciente entre valor e impecabilidade. Quando isso acontece, o indivíduo começa a se permitir existir com mais leveza, especialmente em sua vida pessoal.

Consequências Psicológicas da Autocobrança e Ansiedade Crônica

Você já se pegou sentindo raiva de si mesmo por um detalhe irrelevante? Já se sentiu constrangido por ter errado uma palavra, esquecido um compromisso pequeno ou atrasado alguns minutos? Para quem vive sob autocobrança crônica, esses episódios ganham um peso desproporcional e desencadeiam reações emocionais intensas, mesmo quando a razão tenta minimizar.

Situações simples do cotidiano se transformam em ameaças internas: um copo quebrado, uma resposta atravessada, uma fechada no transito. A mente associa falha a risco de rejeição, de julgamento, de perder valor. O sistema psíquico se arma como se fosse necessário proteger algo vital. Por isso, muitas vezes, quem é contido, respeitoso e racional em ambientes públicos, pode tornar-se rígido ou emocionalmente indisponível com suas relações próximas. Além disso, podem desenvolver transtornos de ansiedade, ansiedade generalizada, depressão, dependências de todos os tipos e doenças crônicas.

Com o tempo, esse padrão compromete o bem-estar emocional, a qualidade do relacionamento conjugal e familiar. Assim como a liberdade de simplesmente existir sem se justificar o tempo todo. A sensação de inadequação se espalha, mesmo quando tudo está funcionando. A exigência interna começa a cobrar um preço alto: desconexão afetiva, impaciência com o outro, dificuldade de descansar. O prazer vira tarefa. O afeto, desempenho. Assim, entram-se em crises e carências emocionais.

Com a psicoterapia de abordagem da psicologia junguiana é possível aprender a reconhecer esse funcionamento, entender suas origens e construir formas mais realistas e respeitosas de se relacionar consigo mesmo. Não se trata de tolerar tudo ou de abrir mão do próprio critério, mas de deixar de reagir com punição sempre que algo escapa ao ideal. Dessa forma, o autocuidado começa quando a cobrança interna deixa de ser uma sentença e passa a ser apenas uma escolha entre outras possíveis. Em outras palavras, aceitar a vulnerabilidade da existência humana.

Impacto da Ansiedade da Performance nos Relacionamentos

Estudos sobre saúde mental em profissionais de alta performance indicam que perfis como executivos, atletas e empreendedores tendem a misturar trabalho com vida pessoal, comprometendo tempo de lazer, convívio conjugal e familiar. Segundo levantamento da Frontiers in Psychology, a dificuldade de separar o desempenho da intimidade está relacionada a níveis elevados de estresse e insatisfação nos vínculos afetivos. No consultório, esse movimento aparece em queixas como irritabilidade fora do ambiente de trabalho, sensação de solidão mesmo em relacionamentos estáveis e uma constante vigilância emocional.

Com o tempo, conversas afetuosas viram reuniões informais, momentos de descanso são ocupados por listas mentais e o parceiro passa a ser tratado como alguém que precisa atender a padrões. Por não saberem lidar com emoções espontâneas, essas pessoas recorrem ao controle. Assim interrompem diálogos para responder e-mails, reagem com impulsividade quando algo sai do esperado ou tornam-se secas em casa após um dia emocionalmente intenso. A falta da sensibilidade e empatia revelam sobrecarga.

Com isso, o prazer cede lugar à tarefa, e o afeto se converte em desempenho. A convivência se torna rígida e previsível, afastando os vínculos mais importantes. Como escreveu Byung-Chul Han: “O desempenho, quando se torna uma obrigação incessante, perde a capacidade de gerar sentido. Ele apenas esgota”. Reconhecer esse padrão é um passo corajoso rumo à reconstrução de uma vida mais verdadeira, onde o trabalho tenha espaço junto do cuidado emocional e dos relacionamentos.

A pausa necessária: autoconhecimento para desacelerar

Para quem vive em alta performance a ideia de desacelerar pode parecer ameaçadora. A pausa desperta duvidas, incertezas. Isso acontece porque, muitas vezes, o ritmo acelerado foi construído como defesa emocional. Ou seja, uma forma de evitar o contato com o passado, conflitos do presente ou questões que permanecem sem elaboração e entendimento.

A psicoterapia é um espaço para recuperar a escuta afetiva e resgatar o próprio eixo emocional. Trata-se de criar pausas simbólicas, onde seja possível reorganizar a história pessoal com mais inteireza e menos julgamento. É nesse processo que surgem questões profundas: o que, de fato, tem valor? O que tem sido vivido com presença no casamento, na parentalidade, na intimidade? A rotina está servindo à vida ou apenas adiando o que tenho vontade?

Técnicas e abordagens baseadas em psicologia junguiana, terapia da compaixão e abordagem cognitiva permitem ao paciente sustentar essas reflexões sem julgamento. Também, com o tempo, transformar a ansiedade em inteireza. A psicoterapia, nesse contexto, oferece ferramentas para fortalecer o foco, ampliar a inteligência emocional e desenvolver estratégias internas mais eficazes para lidar com pressão, exposição e relações intensas.

Para quem vive no limite entre exigência e estresse, aprender a pausar pode ser a única forma de continuar com saúde, com presença, com verdade. Como diz uma máxima da filosofia japonesa: “Mesmo a água parada reflete o céu.” A pausa, longe de ser fraqueza, é o que sustenta a longevidade dos que desejam seguir firmes por dentro e por fora. Ademais, a psicoterapia traz esse momento de olhar para si mesmo e refletir sobre suas emoções, com acompanhamento intensivo ou semanal das sessões e com orientações da especialista.

Psicoterapia para Ansiedade Funcional: Competência com leveza

Pessoas que sofrem com ansiedade funcional muitas vezes não se percebem adoecidas emocionalmente, porque continuam produzindo, atendendo às demandas e sendo admiradas por sua eficiência. No entanto, a rigidez interna, os rompantes emocionais, os conflitos afetivos e profissionais são sinais de que algo precisa ser acolhido com profundidade. A psicoterapia, nesse cenário, visa integrar as partes que foram deixadas de lado ao longo da jornada.

Na psicologia junguiana, entende-se que o sintoma tem uma função simbólica: ele revela onde o indivíduo perdeu a conexão com sua verdade emocional. Ao trabalhar os complexos ligados à autocobrança, ao medo de falhar e à hipervigilância, o paciente reconstrói um senso de identidade mais autêntico onde a performance não anula o prazer, e a produtividade não exige a negação da própria dor. O trabalho clínico também permite o reconhecimento das figuras internas exigentes, o mapeamento de arquétipos que conduzem o comportamento e inteligência emocional, muitas vezes pouco acessada.

Além da abordagem junguiana, técnicas de psicoterapia cognitiva, mindfulness clínico, visualizações simbólicas e diálogo com a sombra contribuem para que o paciente compreenda seus padrões e amplie sua regulação emocional. Exercícios de escrita terapêutica, práticas de autocompaixão e mapas de crenças também ajudam a desconstruir as distorções ligadas à ideia de valor pessoal condicionado à performance. Assim, o tratamento da ansiedade funcional exige experiencia clínica e escuta profunda com foco na singularidade de cada história.

Conclusão: “Quando a alta performance se alinha com o equilíbrio.”

Por trás da performance de quem sustenta tudo com aparente tranquilidade, muitas vezes existe uma ansiedade funcional, que causa prejuízos na saúde mental e relacionamentos. A exigência constante, o medo da falha e a dificuldade em relaxar são sinais de um sistema psíquico em sobrecarga. Reconhecer esse funcionamento não diminui a competência, mas inaugura um caminho de amadurecimento emocional.

A psicoterapia é um espaço para desacelerar sem colapsar, reorganizar a história sem perder a força e cultivar um sucesso que não exija o sacrifício da saúde emocional. Se você se identifica com esse perfil, saiba que há um caminho possível entre a alta performance e o equilíbrio. Com 26 anos de experiência clínica, a psicoterapia online é voltada para jovens, adultos e casais de alta exigência emocional em diversas cidades, como Joinville, Cuiabá, Orlando, Miami e muitas outras.

Iniciar a psicoterapia pode ser o ponto de virada entre o sucesso que gera solidão e aquele que é sustentável com relacionamentos gratificantes. Agende aqui sua consulta.




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