Maternidade transforma. Não apenas pelo vínculo com o bebê, mas pelas emoções profundas que ela ativa na mulher. Durante o desmame, muitas mães se veem dominadas por sentimentos contraditórios: culpa, vazio, raiva, medo. O que parece ser um processo natural pode despertar feridas antigas da infância, da relação com a própria mãe, ou de ausências nunca nomeadas.
Como psicóloga e psicanalista, com atendimento internacional (Brasil, Portugal, Suíça, Emirados, Belgica, Irlanda, entre outros), acompanho mulheres e casais que, ao viverem o puerpério, o desmame ou os desafios da criação, acessam dores emocionais profundas. Questões como carência afetiva, sensação de abandono e insegurança podem emergir com força nesse período. Isso não significa fraqueza. Significa que há algo que precisa ser compreendido, elaborado e transformado.
Neste artigo, você vai entender por que o desmame pode reativar traumas da infância, como lidar com sua criança interior durante os desafios da maternidade e o papel da psicoterapia nesse processo. Vamos refletir sobre vulnerabilidade, vínculo e como encontrar um espaço de equilíbrio emocional.
Maternidade e Memórias da Infância
A gravidez mobiliza a vida emocional da mulher. Ela passa a lidar com mudanças no corpo, no relacionamento, no trabalho e no futuro. Ao gestar um filho, muitas mães se perguntam: como quero criar meu filho? Que tipo de mãe quero ser? A resposta via racional pode entrar em conflito quando a maternidade toca feridas da própria infância.
Nesse sentido, essas memórias emergem de formas sutis. Mulheres que cresceram com babás ou pais emocionalmente ausentes costumam sentir insegurança ao tentar colocar limites e lidar com resistências nas fases diferentes do amadurecimento infantil. Outras, que vivenciaram brigas entre os pais, aprenderam a se isolar como forma de autoproteção. Esse padrão, mais tarde, dificulta o diálogo com o parceiro ou bloqueia a construção de vínculo com os filhos.
Além disso, mesmo quando houve presença materna, o excesso de controle pode ter deixado marcas. Algumas mães relatam aversão à convivência doméstica, culpa ao desejar tempo sozinhas ou vergonha por não conseguirem amar o cotidiano familiar. Muitas tentam ser diferentes, mas se veem sobrecarregadas principalmente quando o parceiro não divide responsabilidades.
Conciliar maternidade, trabalho, vida pessoal e necessidades conjugais exige autoconhecimento e equilíbrio emocional. Nesse interim, pode-se repetir padrões e medos da infância sem perceber. Por exemplo, dificuldades para impor limites, culpa ao desmamar, desacreditar do cuidado do cônjuge ou a sensação de estar falhando ao trabalhar fora são queixas comuns.
Em conformidade, John Bowlby, criador da Teoria do Apego, apontou que experiências precoces moldam a forma como nos ligamos aos outros. Por isso, a psicoterapia auxilia mulheres na experiencia da maternidade com mais fluidez, respeito ao que sente e necessidades individuais. Assim sendo possível encontrar equilíbrio com o ideal de família.
Ambivalência materna: entre amor e exaustão emocional
A maternidade exige equilíbrio constante entre o cuidado com os filhos e o cuidado consigo mesma com corpo, mente, rotina, relações e identidade. Muitas mulheres experimentam sentimentos opostos no mesmo dia: amor e exaustão, gratidão e culpa, desejo de acolher e necessidade de distância. Essa ambivalência emocional é comum, mas poucas mães se sentem autorizadas a expressá-la.
Por um lado, existem desejos racionais: ter uma carreira sem negligenciar filhos, não repetir um passado traumático, impor limites sem autoritarismo. Por outro lado, surgem frustrações acumuladas, medo de errar, sensação de incompetência. Quando a mulher não reconhece suas vulnerabilidades, essas emoções se acumulam e podem resultar em irritabilidade, depressão, insônia ou falas agressivas.
Além disso, o ideal de ser uma “mãe perfeita” muitas vezes reprime o espaço interno necessário para o autocuidado. Além das exigências práticas como alimentar, educar e proteger, existe o peso das expectativas sociais e familiares. Muitas mulheres não se sentem compreendidas por seus companheiros. Outras ouvem críticas por qualquer tentativa de descanso, lazer ou trabalho fora. Com isso, a sensação de falha aumenta, mesmo quando estão se dedicando ao máximo.
De acordo com estudos da psicologia do desenvolvimento, a ambivalência faz parte da construção de vínculos autênticos. Ser mãe não exige perfeição, mas sim presença consciente e capacidade de reparar. Nesse sentido, a psicoterapia oferece um espaço seguro para escutar, elaborar e transformar essa dor em sabedoria emocional.
Por fim, acolher a ambivalência materna com maturidade emocional permite à mulher viver sua experiência de forma mais inteira. Essa consciência fortalece não só a mãe, mas também os vínculos familiares como um todo.

Entre cuidar e ser cuidada
A maternidade é uma jornada que vai além do cuidado com o filho. Dessa forma, envolve também a necessidade da mulher ser cuidada. Muitas mães carregam feridas da infância que influenciam seu modo de cuidar. Essas dores internas moldam comportamentos e emoções, muitas vezes sem que percebam.
Por isso, equilibrar cuidar dos filhos com o cuidado de si mesma é essencial. Quando isso não acontece, surge o esgotamento emocional, a irritabilidade e o sentimento de solidão, mesmo cercada pela família. Igualmente reconhecer essa necessidade não é fraqueza, mas um ato de coragem e inteligência emocional. A psicoterapia cria um espaço seguro para que a mulher compreenda essas dinâmicas, valorize sua voz interior e estando consciente, fortaleça seu vínculo familiar.
A maternidade é complexa e difícil. De forma amorosa e no apego seguro constitui vínculo, transmite segurança, é capacidade de demonstrar o que se sente, é carinho e diálogo verdadeiro. Para isso, é preciso estar de bem consigo mesma. Quando foi a última vez que você se ouviu e se cuidou de verdade?
Raízes emocionais da exaustão materna
A exaustão materna vai além do cansaço físico. Muitas vezes, ela nasce de feridas emocionais não resolvidas na infância. Essas marcas invisíveis geram tensão interna, que se manifesta como ansiedade, irritabilidade e sensação de sobrecarga. Assim, quando a criança interior carrega traumas ou negligências, a mulher pode se sentir emocionalmente drenada ao tentar corresponder às demandas internas. A busca pela perfeição e o medo de falhar ampliam esse desgaste.
Um exemplo ocorre em sistemas familiares onde mulheres repetem padrões de rejeição. Em algumas famílias, mães que vivenciaram abortos espontâneos ou induzidos com sentimentos de rejeição acabam criando uma barreira emocional. Para compensar, elas oferecem brinquedos, roupas e babás, mas se distanciam do convívio direto. Quando a filha demonstra não reconhecê-las como mãe, surge o impacto. Nesses casos, a terapia é o caminho para superar o passado marcado por violências emocionais e permitir que a mulher comece a se relacionar de forma amorosa, iniciando pela sua criança interior.
Além disso, a culpa e auto cobrança dificultam o autocuidado. Estudos em psicologia do desenvolvimento, como os de Daniel Siegel, apontam que reconhecer essas raízes emocionais é fundamental para recuperar o equilíbrio. A psicoterapia auxilia na ressignificação dessas experiências, promovendo saúde mental e melhor qualidade de vida.
Compreender e tratar as raízes da exaustão materna, pela psicoterapia online, é o primeiro passo para uma maternidade mais leve e fluida.

Desmame, vínculo e separação emocional
O desmame representa uma das transições emocionais mais delicadas na maternidade. Mais que o afastamento do aleitamento, esse processo envolve uma reorganização dos vínculos afetivos entre mãe e filho. Para mulheres de alta performance, que buscam equilíbrio emocional, essa fase pode trazer desafios que refletem padrões inconscientes herdados da infância.
Segundo a psicologia sistêmica, toda mudança no sistema familiar exige uma adaptação dos papéis e limites estabelecidos (Minuchin, 1974). Assim, o desmame não é apenas um ato biológico, mas um momento que mobiliza emoções complexas e exige resiliência emocional para preservar a qualidade do vínculo.
Mães que enfrentam conflitos internos, muitas vezes, reproduzem dinâmicas familiares rígidas, onde o apego e a autonomia não foram adequadamente desenvolvidos. Por exemplo, mulheres que cresceram em ambientes onde o afeto era condicionado à obediência podem sentir dificuldade em estabelecer limites claros durante o desmame, gerando tensão e culpa.
Além disso, é comum que surjam sentimentos ambíguos: o desejo de incentivar a independência da criança, mas também a sensação de perda e medo de afastamento. Esses sentimentos podem afetar o equilíbrio emocional da mãe, impactando diretamente o relacionamento familiar.
Portanto, compreender e acolher essas emoções é fundamental para uma maternidade mais consciente. O acompanhamento psicológico pode ajudar a mãe a reconhecer suas vulnerabilidades, ressignificar memórias e promover um desmame que respeite tanto o desenvolvimento da criança quanto o equilíbrio emocional do sistema familiar.
Criança interior e cuidado materno
Entre a mãe que se deseja ser e impasses nesse sentido, ocorrem lembranças afetivas que estavam adormecidas. Ao cuidar de um filho, muitas mulheres se deparam com sentimentos que vêm da infância ou adolescência: ausências, rejeições, comparações, feridas silenciosas. Nesse processo, a criança interior, representação simbólica do que vivemos nos primeiros vínculos com pai e mãe, volta a se manifestar com mais intensidade.
Mulheres que foram criadas em ambientes frios, exigentes ou instáveis podem sentir dificuldade em sustentar a rotina afetiva da maternidade. O amor está presente, mas junto dele vêm cobranças internas, inseguranças e medos que nem sempre têm nome. Clarissa Pinkola Estés, autora de Mulheres que Correm com os Lobos, afirma que o materno é uma potência psíquica ligada ao cuidado, mas que só floresce quando a mulher resgata e transforma sua história interna.
Quando a infância foi marcada por carência de afeto, ausência de escuta ou excesso de críticas, torna-se mais difícil construir vínculos saudáveis com os filhos. Muitas mães, mesmo bem-intencionadas, enfrentam angústias ao repetir padrões que gostariam de ter superado. A idealização de ser “diferente dos próprios pais” nem sempre é suficiente sem elaboração emocional.
Dessa forma, reconhecer e acolher a própria criança interior não é regressão, é maturidade emocional. Esse olhar torna a maternidade mais humana e possível, sem exigir perfeição. Cuidar de si, revisitar sua história e dar novos significados ao passado é um passo essencial para construir vínculos mais livres e presentes com os filhos.
Psicoterapia e equilíbrio emocional da mãe
Nos desafios da maternidade atual, muitas mulheres se esquecem de cuidar de si mesmas. Entre a rotina intensa com os filhos, cobranças profissionais e desafios de apoio doméstico, é comum negligenciar o tempo de qualidade consigo e com o parceiro. Priorizar pausas, controlar o uso de telas, manter limites nas redes sociais e respeitar o próprio ritmo e o da criança são atitudes que refletem maturidade emocional, não egoísmo.
A psicoterapia de abordagem da psicologia analítica junguiana surge como aliada nesse processo. Mulheres inteligentes, que desejam educar com clareza e vínculo, reconhecem a importância de compreender seus próprios padrões emocionais antes de compensarem frustrações ou projeções na vida de seus filhos. Terapias com abordagem no emocional como a junguiana e abordagem baseada em evidencias, a cognitiva-comportamental, ajudam a identificar pensamentos disfuncionais, lidar com a culpa materna e construir respostas flexíveis às exigências da vida cotidiana.
Além disso, estudos sobre regulação emocional e vínculo parental, como os de Allan Schore e Susan Johnson, apontam que mães emocionalmente conscientes favorecem o desenvolvimento psicológico dos filhos. Isso acontece quando há espaço para dialogar, reparar e construir relações com afeto real, sem perfeição ou máscaras sociais.
Portanto, ao acessar esse espaço de autoconhecimento, muitas mulheres passam a viver a maternidade com mais leveza, presença e autonomia inclusive diante das frustrações que fazem parte da vida real.
Considerações Finais
A maternidade pode revelar camadas profundas da história emocional de uma mulher. Conflitos familiares mal resolvidos, feridas da infância e exigências do cotidiano afetam o modo como ela se relaciona com os filhos, o parceiro e consigo mesma. Nesses momentos, autoconhecimento e maturidade emocional não são opcionais, são o diferencial.
Mulheres emocionalmente inteligentes não buscam perfeição. Elas querem lucidez para tomar decisões, sensibilidade para construir vínculos reais e força para não repetir padrões que adoecem. Reflexão, permitir-se descansar, tempo de qualidade e um espaço seguro para reorganizar afetos fazem parte desse caminho.
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